WWF APONTA INDÍCIOS DE CORRUPÇÃO EM PROGRAMAS AMBIENTAIS NO BRASIL E NA ÁFRICA
2001-09-13
O diretor de Comunicação da WWF, com sede em Genebra, na Suíça, Thomas Schulz, revelou, na última segunda-feira (10 de setembro), que muitos programas de desenvolvimento ambiental com o apoio da WWF estão sendo alvos de corrupção, nos últimos anos. Ele citou países da África Central e o Brasil como exemplos deste problema, mas não quis dar detalhes nem a respeito dos envolvidos, nem sobre as irregularidades. Schulz disse que, no Brasil, a corrupção, nesses programas, acontece em nível político e empresarial. - Não temos muitas informações, mas observamos que todos os processos demoram muito para se efetivar, o que é um sinal de que não há uma boa efetividade nos projetos, assinala o diretor da WWF. Apesar disto, ele diz que muitos projetos estão sendo levados adiante pela instituição. São mais de 1,2 mil em todo o mundo. A WWF tem escritórios em 50 países. O brasileiro fica em Brasília e foi fundado há cinco anos - , emprega 3,7 mil pessoas e, no ano passado, gastou US$ 364 milhões em seus programas de prevenção de danos ambientais e ajuda a remediação desses danos. Um dos orgulhos de Schulz é o que ele chama de independência da organização. Segundo ele, a maioria da renda da WWF (44%) vem de contribuições individuais, 11% de heranças, 5% de outras fundações, 20% de agências governamentais, 12% de colaboradores diversos e 8% de venda de produtos como camisetas e bottons. A organização tem seis alvos principais: florestas, água, oceanos e costas litorâneas, produtos tóxicos e mudança climática. - Nossa missão é parar a degradação ambiental por meio da conservação dos recursos naturais e da preservação da biodiversidade, enfatiza. Schulz conta que a WWF procura ser cientificamente independente, especialmente quando se trata de avaliar as reportagens que dissemina. - Nós temos um staff de 300 cientistas, mais ou menos, decidimos o que dá e o que não dá para publicar, diz. Ele reconhece que há uma certa rivalidade entre a sua organização e o trabalho da Grrenpeace. - Mas nós também colaboramos com eles, diz. - Quando a Greenpeace comprou o seu primeiro navio, o Rainbow Warrior, nós ajudamos com recursos financeiros, lembra. - Nós cooperamos com a Greenpeace e com a Friends of the Earth, quando se trata da cobertura de eventos de porte. Nós não temos a intenção de competir com eles, mas é claro que temos opiniões diferentes e diferentes linhas de atuação, assinala. Schulz denuncia que pelo menos 20% da biodiversidade do planeta já foram perdidas e muito desses danos se devem à corrupção e a falta de vontade política. Um dos projetos da WWF é a recuperação do Lago Chad, na Africa, que abastece a população da Nigéria e do Camarões. Esse lago tinha 25 mil quilômetros quadrados, em 1963, e hoje tem apenas 1350 quilômetros quadrados.Ele é uma importante fonte de sobrevivência, como pesca e agricultura, mas sofreu danos ambientais por retirada de água e poluição de esgotos. A WWF também atua no programa de recuperação da espécie mico-leão-dourado, no Brasil (RJ).