Transposição de água do São Gonçalo divide opinião de engenheiros
2005-10-04
O São Gonçalo é a fonte certa para suprir os problemas de abastecimento de água de
Pelotas. Quanto a isso não há dúvidas. A vazão média é de 700 mil litros por segundo,
o equivalente a menos de 0,1% da necessidade da Estação de Tratamento de Àgua (ETA)
da Barragem Santa Bárbara, responsável pelo fornecimento a cerca de 204,5 mil
moradores. O projeto da transposição do canal ao reservatório, no entanto, divide
opiniões.
O engenheiro Manoel Luiz Vianna, que se debruça sobre o tema recursos hídricos há
mais de 40 anos, contesta a eficácia da proposta que o Sanep irá implantar. Como o
ponto de captação estará situado abaixo da Eclusa, exatamente durante a estiagem -
quando a estrutura teria de ser acionada - a água estará sujeita à salinização. E,
se estiver salgada, não serve para o bombeamento à Estação de Tratamento. O projeto
está inadequado, defende. A estimativa é de em 90% das vezes que precisaria entrar
em atividade, não haverá condições.
O diretor-presidente do Sanep, engenheiro Gilberto Cunha, garante que não irá
repensar a proposta, alicerçada na posição de diferentes técnicos da equipe. – Vai
funcionar-, afirmou. – E o doutor Vianna será o primeiro convidado a ver como dará
certo-, provocou. O ano de 2005 seria uma das provas de que o sistema poderia
funcionar em plena estiagem: – Se já existisse essa estrutura à disposição não
teríamos passado por todo esse sufoco. O São Gonçalo estava doce-, reforçou.
(Diário Popular, 03/10)