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2005-10-03
Como alternativa econômica sustentável, a agroecologia está gerando renda e qualidade de vida a comunidades ribeirinhas, agricultores familiares e povos indígenas, nos nove estados integrantes da região amazônica. Várias experiências foram apresentadas durante o II Encontro Regional de Agroecologia da Amazônica (II ERA) em Cuiabá, evento encerrado na sexta-feira (30/09).

Segundo o coordenador do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Vicente Puhl, um exemplo ocorre em Alta Floresta (757 km de Cuiabá), proprietários de sítio transformaram a atividade pecuária em agrofloresta, que lhes conferiu aumento de R$ 250 à renda familiar mensal para R$ 700/mês, com tendência de ampliação.

Em Mato Grosso também se encontra atividade agroecológica em pleno desenvolvimento no Vale do Guaporé, Guarantã do Norte, Baixada Cuiabana, Campo Verde entre outros.

— São iniciativas que estão dando resultados, alimentando famílias e gerando empregos de forma sustentável - afirma Puhl.

No encontro, além de apresentar os projetos em execução, estão sendo discutidos linhas de financiamentos e desafios a superar para alavancar o setor.

— A natureza é diversificada, a agroecologia é a utilização da ecologia na economia, fazendo um melhor aproveitamento dos recursos sem que signifique sua extinção, como no modelo do agronegócio. Essa atividade permite melhor qualidade de vida às famílias envolvidas e opções de produto ao consumidor -explica Puhl.

Um dos desafios é a falta de dados sobre essa economia alternativa.

— Ainda não temos formatado levantamento sobre quanto o setor movimenta - lamenta o coordenador.

A coordenadora de agroextrativismo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudia Maria Calário, informou que o governo federal liberou R$ 70 milhões para serem aplicados na região amazônica em projetos agroecológicos.

Segundo ela, entre 60% a 70% desse montante já foram aplicados.

— O governo Lula acredita nessa economia agroecológica e quer alavancar esse segmento ainda marginalizado. E uma agricultura que alimenta a população sem a necessidade de agrotóxico, sem exclusão e sem erosão ambiental - diz Claudia Maria.

Convênio
No encontro, a Associação Regional de Produtores Agroecológicos (Arpa), que reúne assentados da região da Grande Cáceres, assinou convênio com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para venda da produção. A Conab compra o produto e os agricultores distribuem a entidades e escolas públicas

— O convênio é fundamental, possibilita a venda com 30% de acréscimo devido nossos produtos serem livres de agrotóxicos - destacou o diretor da Arpa, Ednildo Gomes.

Produtos atraem quem passa pela UFMT
Há três dias, o estacionamento do ginásio esportivo da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) está sendo ocupado por 78 expositores em 60 barracas, que comercializam produtos agroecológicos como artesanatos, plantas medicinais e alimentos dos Estados da região amazônica.

Acre, Roraima, Pará, Rondônia, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso estão mostrando que é possível produzir alimentos sem agrotóxico e gerar renda a milhares de famílias.

— Alguns dos produtos que estão na exposição representam a principal fonte econômica da família - observa o coordenador da feira, engenheiro agrônomo Ronaldo Freitas.

Segundo Freitas, ainda não se tem um balanço da quantidade já comercializada, mas alguns expositores já estão sem produto para vender. Entretanto, mais que vender, o importante, na opinião dos expositores, é a troca de informações.

No final do II Encontro Regional de Agroecologia da Amazônia (II ERA), que encerra hoje, os nove Estados participantes farão trocas de sementes híbridas como feijão, milho, arroz e grãos usados na confecção de peças artesanais. (Folha do Estado – MT, 30/09)

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