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2005-10-03
A crise no setor madeireiro de Mato Grosso, agravada após a Operação Curupira, em junho – quando as Autorizações para o Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) chegaram a ficar suspensas por um período de 30 dias pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) –, já está repercutindo na balança comercial do Estado.

De acordo com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), o ritmo das exportações do complexo madeira (bruta, serrada, perfilada, objetos e móveis) foi drasticamente reduzido entre os meses de janeiro a agosto deste ano, em relação ao mesmo período de 2004. Na comparação com o ano passado, os primeiros oito meses de 2005 apresentaram crescimento de apenas 1,87%, contra um incremento de 80,15% verificado no ano passado em relação a 2003.

— Observamos que as exportações de madeira estão em ritmo muito lento em relação ao desempenho verificado no ano passado. Isso preocupa, pois é reflexo da crise que as indústrias madeireiras de Mato Grosso vem enfrentando desde o final do primeiro semestre, com a suspensão das ATPFs e a demora na aprovação de novos projetos de manejo - afirma o assessor técnico do CIN, Émerson Moura.

No total, as exportações de madeira nos meses de janeiro a agosto deste ano fecharam em US$ 127,75 milhões, contra US$ 125,41 milhões alcançados em igual período do ano anterior. O item madeira serrada, que tem maior peso na pauta do complexo, cresceu 11,41% no período, passando de US$ 76,21 milhões para US$ 84,90 milhões. Mas a madeira perfilada teve crescimento negativo de 15,88%, caindo de US$ 46,99 milhões para US$ 39,51 milhões.

A previsão é de que, já em setembro, as exportações apresentem queda.

— Se o problema das madeireiras não for equacionado logo, as vendas externas continuarão em queda livre, podendo encerrar o ano com saldo negativo - alerta o assessor do CIN. Segundo ele, o complexo madeira representa apenas 6% das exportações de Mato Grosso, por isso não há possibilidade de fecharmos o ano com saldo negativo na balança comercial. A soja tem peso muito forte na pauta e acaba segurando o saldo das exportações, justifica ele.

A crise no setor madeireiro está tirando o sono dos exportadores mato-grossenses. Muitas empresas reduziram suas vendas para o exterior porque os estoques já começam a esgotar.

A Madeiranite Madeiras Ltda, de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), que trabalha só com exportações, chegou a vender no ano passado 35 mil metros cúbicos de compensados para os Estados Unidos, América Central e Europa, alcançando um faturamento de R$ 25 milhões. Este ano, até o final de setembro, a empresa exportou apenas 12 mil metros cúbicos de madeira (cerca de R$ 8 milhões), com previsão de chegar a dezembro com 15 mil metros cúbicos, uma queda acima de 50% em relação ao ano passado.

O diretor da empresa, José Eduardo Pinto, conta que foi obrigado a paralisar os embarques pelo período de 30 dias, em que o Ibama esteve com suas atividades suspensas.

— Faltaram ATPFs para transportarmos o produto até os portos de Paranaguá, Itajaí e São Francisco - diz. Segundo o exportador, a Madeiranite já deixou de embarcar este ano cerca de 10 mil metros cúbicos de compensados, totalizando um prejuízo de aproximadamente R$ 8 milhões com as exportações para mais de 10 países de três continentes.

Matéria-prima está em falta no Norte de Mato Grosso
O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras da região Norte de Mato Grosso (Sindusmad), Jaldes Langer, alerta que já está faltando matéria-prima nas indústrias.

— Muitas empresas estão com seus estoques reduzidos, outras não têm mais e já fecharam as portas - conta ele.

O reflexo da crise, segundo Langer, está repercutindo no exterior. Ele diz que a Europa, os Estados Unidos e a América Central reduziram suas compras nos últimos meses, pois as empresas da região não estão conseguindo atender aos pedidos.

Nas regiões Norte e Noroeste, que concentram cerca de 90% das madeireiras do Estado, a situação é crítica.

— Muitas empresas já estão paradas e aquelas que ainda não fecharam estão com os dias contados - disse o exportador José Eduardo Pinto, diretor da Madeiranite Madeiras, de Sinop.

Ele conta que sua empresa tem estoque para trabalhar só até o mês de novembro.

— Se até lá não conseguirmos reativar nenhum projeto de manejo, seremos obrigados a fechar a indústria e dispensar o restante dos funcionários.

Na opinião do industrial, o setor madeireiro ficou desacreditado após a Operação Curupira.

— A imagem do Brasil como exportador sério ficou novamente arranhada, pois fomos obrigados a quebrar contratos e ficamos expostos às críticas pelo desvio de conduta de uma meia dúzia de pessoas.

José Eduardo conta que chegou a ter 400 funcionários em seu grupo, com três plantas industriais. Atualmente, a empresa tem apenas 150 funcionários, fechou uma das unidades e está trabalhando com apenas 35% da sua capacidade instalada em outra.

Outra empresa que está amargando prejuízos com a crise no setor madeireiro é a LC Mil Laminados e Compensados, instalada na cidade de Vera (486 quilômetros ao Noroeste de Cuiabá). A empresa destina 90% de sua produção para o mercado doméstico, com destaque para a região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), que responde por 90% das compras.

A empresa está impossibilitada de atender a todos os pedidos, pois já está faltando matéria-prima. A indústria reduziu o seu quadro para apenas 30 funcionários e está aceitando encomendas sem data estipulada para entrega.

— Quem compra madeira de Mato Grosso acaba aceitando esta regra, pois também depende da matéria-prima para trabalhar - diz um funcionário da empresa.

Segundo ele, os estoques da LC Mil seriam zerados no final de setembro, mas a empresa fechou um novo contrato para este mês de outubro, o que garante o funcionamento da indústria por mais 30 dias.

— Os meses de novembro e dezembro, entretanto, são uma incógnita e corremos o risco de parar - diz.

Dólar baixo inibe novos contratos
A desvalorização do dólar em relação ao real está deixando os exportadores de madeira com a pulga atrás da orelha. Com o câmbio baixo, as compras externas tendem a cair, comprometendo as metas das indústrias.

— O dólar oscila para baixo quase que diariamente e isso tem inibido os importadores - diz Cleonir Bedin, diretor da Madeiras Bonsucesso Ltda., com sede em Sorriso (460 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), uma das maiores exportadoras do setor madeireiro em Mato Grosso.

Bedin contou que na última quinta-feira, dia 29, um grande comprador americano cancelou oito contratos de importação por causa de problemas relacionados ao câmbio.

— O dólar está com uma péssima cotação, e com isso perdemos competitividade e deixamos de vender os nossos produtos - reclama o exportador.

Ele diz que a sua empresa tem capacidade para produzir até 30 contêineres de madeira por mês em cada turno.

— Este mês (setembro) estamos encerrando com 20 contêineres vendidos, em outubro temos previsão de entregar mais 10, em novembro apenas um e, para dezembro, ainda não temos qualquer contrato assinado.

A madeireira de Sorriso exporta produtos de alto valor agregado para Europa, Estados Unidos e Canadá. Os produtos são o piso maciço para assoalho (TG 04) e peças para jardim.

No ano passado a empresa exportou cerca de US$ 2,5 milhões, mas este ano o ritmo de produção está mais lento e, por isso, vários empregados tiveram que ser dispensados.

— Tínhamos 104 funcionários nas duas plantas industriais, com três linhas de produção. Agora, estamos com uma das nossas linhas de produção parada e nos próximos dias vamos dar aviso prévio para pelo menos mais 35 funcionários.

Apesar da crise, Cleonir Bedin acredita que este ano será melhor que 2004 porque a empresa tinha estoques remanescentes e contratos de venda fechados. (Diário de Cuiabá, 01/10)

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