Reciclagem no Brasil já conta com 2.361 empresas
2005-10-03
O Brasil possui hoje 2.361 empresas operando no setor de reciclagem, entre recicladores, sucateiros, cooperativas e associações. A maioria delas (1.145) está concentrada no Sudeste, seguidas das regiões Sul (722), Nordeste (301), Centro-Oeste (150) e Norte (43). O principal produto reciclado é o plástico, trabalhado por 577 das 722 empresas recicladoras. Em seguida, vêm as que operam com metal (60), papel (54) e longa-vida (14). Vidros, baterias, pneus e pilhas são reciclados por outras 15 empresas. O mais completo banco de dados de empresas que atuam na área de reciclagem já realizado no Brasil pode ser acessado gratuitamente no portal www.cempre.org.br.
Esses são os principais resultados do Mapa da Reciclagem no Brasil divulgado, nesta quinta-feira (29/09), pelo Sebrae e Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo. O estudo, realizado pela MaxiQuim Assessoria de Mercado, foi apresentado durante o seminário A Ecoeficiência no Setor Empresarial, no auditório do Sebrae no Rio de Janeiro.
A pesquisa traz o cadastro atualizado das cooperativas e empresas que compram, vendem e separam materiais recicláveis de norte a sul do País. — Conhecer a cadeia produtiva em torno da reciclagem é muito importante para fomentar novos negócios e gerar mais emprego e renda-, diz a gerente de Meio Ambiente e do Núcleo de Econegócios do Sebrae no Rio, Dolores Lustosa. Segundo ela, a proposta é estimular negócios no setor em uma mesma região, estado ou município, aproximando grandes indústrias de reciclagem e triagem de pequenos fornecedores, como cooperativas e associações de catadores.
Boa parte das empresas que atuam no setor é de micro e pequeno portes, foco das ações do Sebrae. — A grande novidade desse estudo é o significativo número de cooperativas e associações de catadores e recicladores (364), o que demonstra um aumento na procura por este setor, especialmente por pessoas de baixa qualificação-, analisa o diretor-executivo do Cempre, André Vilhena. De acordo com estimativas da ONG, as empresas que movimentam esse mercado geram 500 mil postos de trabalho, boa parte na informalidade. A pesquisa, entretanto, não mostra as relações de trabalho no setor.
O cadastro inicial da pesquisa era de 2.898 empresas, sendo que 2.361 foram localizadas e identificadas quanto à atividade de reciclagem. Dessas, 2.054 responderam ao questionário de dados cadastrais, fornecendo informações completas para o banco de dados. Desse total, 54,1% são sucateiros; 32,9% recicladores; 11,3% cooperativas e associações e 1,7% são sucateiros/recicladores.
Em forma de software, o banco de dados disponível no site www.cempre.com.br será atualizado permanentemente pelo Cempre e pelo Sebrae no Rio de Janeiro. O software permite a busca por atividade (recicladores, sucateiros ou cooperativas), por material (resíduo) e pela localização geográfica (consulta por cidade, estado ou região no Brasil).
Avanços na reciclagem
Durante o evento no Sebrae, o Cempre apresentou outros dados sobre a reciclagem no Brasil. Em 2004, o setor movimentou R$ 6,5 bilhões. PET e embalagens longa-vida tiveram um salto importante no período, ao lado do papelão e do alumínio - nestes últimos, o Brasil iguala-se a outros países da Europa e é o líder no ranking da reciclagem de embalagens longa-vida entre os países em desenvolvimento.
De acordo com o Cempre, o País recicla cerca de 10% de seus resíduos sólidos urbanos (5,2 milhões de toneladas métricas por dia, uma média de 0,7 kg por habitante/dia). O total de latas de alumínio recicladas atingiu 95,7% do total produzido em 2004, enquanto o de papelão chegou a 79%.
O Brasil reciclou 49% de sua produção total de latas de aço, 48% do PET, 46% das embalagens de vidro e 39% dos pneus produzidos no período. O papel foi reaproveitado em 33%, seguido das embalagens longa-vida (22%) e dos plásticos (16,5%). Apesar de representar 60% do peso total de resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil, apenas 1,5% do lixo orgânico (restos de comida e podas de jardinagem) é compostado, ou seja, passa pelo processo biológico chamado de compostagem, pela qual os microrganismos convertem a parte orgânica dos resíduos sólidos em um material estável tipo húmus, conhecido como composto. (Com informações do Cempre)