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2005-10-03
As decisões políticas para que avance a integração petrolífera entre Venezuela e Argentina estão tomadas, mas alguns impasses técnicos podem complicá-las. É o que ficou demonstrado em Brasília, entre a última quinta (29/9) e sexta-feira (30/9), com uma rodadda de acordos que podem mudar o mapa energético local. Mas os detalhes técnicos ainda estão por vir, e a maior parte dos negócios fechados são, até o momento, expressões de vontade.

Na quinta-feira (29/9), o presidente argentino, Néstor Kirchner, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciaram a instalação da empresa petroleira estatal venezuelana PDVSA na Argentina, através de dois acordos: um implica a compra das 130 estações de serviço e uma refinaria da Rhasa por 92 milhões de dólares, negócio em que a estatal argentina Enarsa teria 50%; e outro abarca a compra, também, das 172 unidades de expedição da Sol, controlada pela estatal uruguaia Ancap. Na sexta (30/9), na presença de Chávez e do presidente da Repsol-YPF, Antonio Brufau, deu-se um segundo passo: Repsol e PDVSA intercambiariam áreas petroleiras na riquísima bacia venezuelana de Orinoco por petróleo argentino –até 10% da produção da espanhola – e a Repsol garantiria, por um ano o abastecimento de petróleo cru para a rede PDVSA/Rhasa/Sol.

Há dois eixos que sustentam essa bateria de anúncios: primeiro, a vontade de Chávez de expandir a PDVSA até o sul do continente; e, segundo, a estratégia da Repsol-YPF, que busca crescer via associações para evitar ser comprada por um terceiro – houve, há poucos dias, temor, na cúpula da empresa espanhola, de versões de compra hostil por parte da inglesa BP. A espanhola também definiu seu perfil ideal de sócios com empresas estatais. E, além disto, sua última assembléia de acionistas recomendou diversificar riscos e buscar negócios em outros países.

As vontades para os acordos estão claras, mas ao ler-se os textos dos mesmos ficam dúvidas sobre sua implementação. –O detalhe técnico, a letra fina dos acordos vai demorar–, disse um empresário que participou da discussão. No caso dos convênios da Repsol com a PDVSA, foram fizados 45 dias de prazo para fechá-los, mas prorrogáveis, pelo menos pelo mesmo período.

Não se sabe ainda como implementar o intercâmbio de petróleo argentino por áreas em Orinoco. Os próprios agentes que devem concretizar o acordo duvidam se a PDVSA será sócia nos campos petrolíferos da Repsol na Argentina, se haverá contrato de compra de petróleo, ou como ele se instrumentalizará. –Também não se pode colocar uma cifra, porque se diz até 10% da produção da Repsol, ou seja 27 milhões de barris anuais, maas primeiro deve-se fixar quanto vale esse petróleo e como valorizar as reservas venezuelanas para o intercâmbio–, afirmam especialistas. (Clarín, 2/10)

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