Críticos do escritor Michael Crichton, autor do livro Estado do Medo, que traz um cenário apocalíptico sobre as conseqüências do aquecimento global, voltaram a atacá-lo na semana passada, quando ele foi chamado a testemunhar perante o Comitê de Assuntos Ambientais e Obras Públicas do Senado norte-americano. O livro, publicado há apenas nove meses, é alvo de uma chuva de críticas por parte de meios acadêmicos e intelectuais.

–Mais tolo do que assustador–, diz um fôlder do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais. –Notável principalmente por sua loucura–, analisa a Instituição Brookings. –Não reflete fatos científicos–, afirma o Sindicato dos Cientistas Preocupados.

Considerando-se todo o seu trabalho prévio como escritor – 13 novelas, quatro livros de não ficção, numerosos roteiros – e sua proeminente carreira em Hollywood como escritor, produtor ou diretor de 13 filmes e criador da seriados populares de TV, os críticos afirmam agora que Crichton foi a fundo na controvérsia em seu O Estado do Medo, um romance que lança dúvidas sobre a amplamente aceita noção de que as atividades humanas contribuem para o aquecimento global.

Esta se tornou uma questão política controversa em anos recentes, ganhando uma nova urgência, talvez, em razão dos recentes furacões que se abateram sobre a Costa do Golfo do México. Muitos cientistas proeminentes, não amigos de Crichton, acreditam que causas humanas estão causando o efeito estufa que leva ao aquecimento global e estão pedindo, com urgência, que o governo aprove novas regulamentações para o controle das emissões de dióxido de carbono no país.

Mas após consideráveis estudos, feitos por sua conta, Crichton concluiu que a ciência está confusa e que os legisladores devem levar em consideração esta questão quando decidem o que vão fazer a respeito. Sua impopular visão está no caminho oposto do julgamento de grupos como a Academia Nacional de Ciências. Mas foi o secretário do comitê, senador James M. Inhofe, um republicano de Oklahoma, que não teve cerimônias ao dizer que o aquecimento global –é o maior trote já perpetrado contra o povo norte-americano–. Em Crichton, um médico graduado em Harvard que nunca exerceu a medicina, Inhofe encontrou um espírito afim e uma testemunha estrela para o comitê. –Estou excitado com esta palestra. Acho que li a maioria de seus livros, e gostei muito de O Estado do Medo–, disse o senador. (NY Times, 2/10)