SÓ EMBRAPA E FARSUL NÃO SÃO CONTRÁRIAS A TRANSGÊNICOS
2001-09-13
Apenas dois participantes não demonstraram posição contrária aos transgênicos durante a audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, ontem (12/09). Jorge Rodrigues, da Farsul, e o Dr. Benami Bacaltchuk, da Embrapa. Os demais debatedores demonstraram insatisfação quanto à produção e comercialização de produtos geneticamente modificados. Representantes do Ministério Público Estadual, PROCON, Sema, Fepam, MST, Movimento dos Pequenos Agricultores, Via Camponesa, deputados, vereadores, ambientalistas e a agrônoma e assessora da campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos, Flávia Londres, estiveram presentes na reunião. As principais reclamações contra a legalização de produtos geneticamente modificados estão relacionadas à questão econômica (já que os agricultores dependeriam de empresas multinacionais para plantar com a institucionalização de transgênicos) e à falta de garantias de que esses produtos não causam mal à saúde. - Os defensores dos transgênicos argumentam que não há provas de males causados ao ser humano por esses produtos. Mas também não existem fatos que comprovem que os organismos geneticamente modificados não fazem mal. Não somos nós que temos que provar que os transgênicos podem causar problemas, mas sim, eles é que tem que demonstrar que esses produtos não trazem riscos para a saúde humana, disparou Flávia Londres. Os agricultores presentes à reunião, em sua maioria Sem Terra e pequenos proprietários, revelaram grande temor sobre as conseqüências que os transgênicos podem causar, lembrando, por diversas vezes, a Revolução Verde, que instituiu os agrotóxicos. - Todo o produto novo fascina no começo. Foi assim com os agrotóxicos, lembrou Frei Sérgio Görgen, da Via Campesina do Brasil. O técnico agrícola Edson Cadori, consultor de assentamentos do MST, endossou a tese, acrescentando que este modelo utiliza grande quantidade de água e energia, além de liquidar a biodiversidade. - Os transgênicos são a continuação das desgraças da agricultura moderna, sentenciou. Outra polêmica foi levantada por Frei Sérgio: a existência de um contrato sigiloso entre Embrapa e Monsanto. - A Embrapa é uma empresa pública, logo o contrato tem que ser de domínio público, reivindicou o Frei. O representante da Embrapa disse que se trata de um contrato de cooperação técnica. Ao final, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, Padre Roque Grazziotin, definiu a investigação do contrato como um dos encaminhamentos da sessão. A outra decisão foi garantir maior divulgação dos transgênicos à população. (G.K.)