Argentina está mais avançada em relação a OGMs
2005-09-30
Quando o assunto é segurança no uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs),
mais popularmente conhecidos como transgênicos, na indústria de alimentos de uso
humano e animal, a Argentina demonstra estar mais avançada que o Brasil. Pelo menos
é o que se constatou em um debate realizado ontem durante o IV Congresso Brasileiro
de Biossegurança.
Segundo Miriam Rosa Ângelo Gallardo, especialista em alimentação de vacas leiteiras,
do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), da Argentina, nos últimos
10 anos, os produtores argentinos utilizam soja, milho e sementes de algodão
transgênicos na alimentação dos animais. Durante todo este período não se constatou
nenhuma alteração no leite e na carne para consumo humano.
Dos 13 mil produtores argentinos, cada um com aproximadamente 150 vacas leiteiras,
cerca de 70% utilizam alimentos transgênicos. O leite em pó e o queijo produzidos
por estes animais são exportados, sem restrições, para mais de 10 países. Um dos
mercados mais importantes é formado pelos países árabes.
Ainda conforme Miriam Gallardo, não há diferença de produtividade no gado leiteiro
comparando-se o uso de alimentos transgênicos ou convencionais, mas os produtores
preferem plantar sementes geneticamente modificadas porque há maior rendimento. – O
ganho com a soja duplicou na Argentina a partir do uso de sementes transgênicas-,
afirmou a especialista.
Além disso, a alimentação do gado ganhou mais valor nutricional, com 40% a 50% de
proteína. A casca da soja, por exemplo, que antes era descartada, agora se
transformou em ingrediente altamente energético.
Na Argentina, ampliou-se a utilização de silos-bolsas, de plástico, para
armazenamento da produção na própria propriedade. Com isso, praticamente colocou-se
ponto final na entressafra. A quantidade de leite se mantém idêntica, tanto no verão
como no inverno.
Ela garantiu também que existem normas rígidas de controle para alimentos
transgênicos, seguindo todos os protocolos internacionais de investigação. – Não há
risco para os animais, nem para a saúde humana-, afirmou. (Página Rural, 29/09)