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2005-09-29
A situação da maioria dos municípios da região Norte de Mato Grosso que dependem da atividade madeireira para sobreviver já beira o caos. Já são realidades o desaquecimento da atividade comercial, a queda na arrecadação dos municípios e a demissão em massa na região, onde mais de 20 mil pessoas já estão desempregadas.

Para chamar a atenção das autoridades e da sociedade, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Madeireira, Construção Civil e Mobiliário do Norte de Mato Grosso (Siticom), promove a partir das 07h30, em frente ao Ibama de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), um protesto do tipo panelaço com trabalhadores demitidos de indústrias madeireiras, e 280 indústrias madeireiras ficarão fechadas durante todo o dia. Em Cuiabá, prefeitos e políticos da região deverão ter um encontro com o governador Blairo Maggi.

Em Brasília, o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Nereu Pasini, integra comitiva de presidentes de federações que terão audiência com a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.

Pelo menos cinco municípios - Aripuanã, Cotriguaçu, Colniza, Castanheira e Juína – já decretaram estado de emergência devido à crise financeira provocada pelo setor madeireiro.

O prefeito de Juína (737 quilômetros ao Noroeste de Cuiabá), Hilton Campos, informou que 70% da economia dos municípios da região Noroeste gira em torno do setor madeireiro. Segundo ele, com a paralisação das empresas surgiu um grande problema social na região, pois os trabalhadores acabam indo para as prefeituras em busca de emprego. Ele revelou que os municípios estão caminhando para um total estado de calamidade pública, com reflexo direto em todos os setores da economia.

Além disso, as prefeituras estão registrando queda na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS). Os prefeitos ressaltam que a crise tem gerado prejuízos para todos os ramos do comércio, da indústria e da prestação de serviços nos municípios. E manifestam preocupação com o início das chuvas.

— O setor madeireiro naturalmente pára nesta época. Seria o período em que as empresas deveriam estar produzindo mais - aponta o prefeito de Juína.

De acordo com o Sindicato das Indústrias Madeireiras da região Norte, a situação é mais crítica em União do Sul, Marcelândia, Paranaíta, Vera, Cláudia, Feliz Natal, Guarantã do Norte e Apiacás, onde a paralisação chega a 60% e muitas indústrias já fecharam as portas.

— As demissões e a desaceleração da economia vão desencadear uma catastrófica reação nos demais setores - adverte o prefeito Hilton Campos. Ele informou que a arrecadação em seu município registrou queda de 11% no índice de participação dos municípios, cerca de R$ 100 mil por mês. Já a arrecadação própria – oriunda de receitas como ISS, IPTU, ITBI, taxas e outras contribuições - caiu 30%.

Em Aripuanã, a situação não é diferente. De acordo com o prefeito Ednilson Faitta, das 80 madeireiras do município, 20 já estão com suas portas fechadas e outras funcionam com ociosidade ou em turno reduzido.

— Já contabilizamos mais de dois mil desempregados e tememos que este número possa aumentar a partir de janeiro, quando terminam os estoques das madeireiras.

A situação é dramática e tende a se agravar nos próximos meses, conta o prefeito, lembrando que a atividade comercial em seu município caiu cerca de 40% em conseqüência da crise no setor madeireiro, que responde por 80% da economia.

Faitta informou que a arrecadação relativa ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) teve queda de 20% no período de julho a setembro deste ano. Já a receita com ICMS caiu 10%.

— O que mais nos preocupa, entretanto, é que a arrecadação própria caiu cerca de 90% nos últimos três meses. Seremos obrigados a desacelerar a máquina e trabalhar apenas para manter serviços básicos nas áreas de coleta de lixo, saúde e educação - disse o prefeito. (Diário de Cuiabá, 28/09)

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