Países árabes criticam Israel por programa nuclear
2005-09-29
Durante a Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena (Áustria), ontem (28/9), os árabes pressionaram Israel por causa de seu programa nuclear, que consideram um perigo para a segurança do Oriente Médio.
Mohamed El Baradei, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica
O embaixador do Egito para o organismo, Ramzy Ezzeldin Ramzy, destacou em plenário que os países árabes estão satisfeitos com o plano do diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, de criar uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio, mas acusou Israel de barrar essa iniciativa.
–Pedimos ao diretor-geral que mantenha seus esforços para convencer Israel a mostrar boa vontade e aplicar as resoluções da comunidade internacional que pedem uma zona não-nuclear–, disse o diplomata egípcio.–Como todos os anos, o Egito apresentará um projeto de resolução sobre a aplicação de controles no Oriente Médio na Conferência Geral–, acrescentou.
O projeto convida os países da região a assinarem o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) –como meio de criar uma zona livre de armas de destruição em massa e fortalecer a paz e a segurança na região–. –Esperamos que o projeto seja aceito por consenso e se transforme em um sério compromisso internacional–, disse.
O grupo de países árabes (exceto o Iraque) determinou a inclusão na agenda da conferência de um debate sobre –as capacidades nucleares de Israel e suas ameaças–.
Uma carta assinada por 15 países (mais territórios palestinos), entre eles Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Líbia, Argélia, Líbano, Síria, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Sudão, e enviada pelo embaixador de Omã, Salim Mohammed Al Riyami, ao diretor-geral da AIEA, criticou Israel por continuar fora do TNP.
O manifesto acusou o país de ter um programa nuclear com fins militares, –o que repercute negativamente para a paz e a estabilidade na região–.
–A posse de armas nucleares pode causar uma corrida armamentista destrutiva na região, especialmente se as instalações nucleares de Israel continuarem fora do controle internacional–, afirmou a carta.
Não é a primeira vez que os países árabes incluem o programa nuclear israelense na ordem do dia da conferência. A última vez que tiveram o apoio da maioria do plenário para aprovar uma resolução contra Israel foi em 1991.
O representante israelense, Gideon Frank, diretor da agência nuclear de seu país, disse nesta quarta-feira que já houve casos alarmantes de proliferação nuclear no Oriente Médio. –Nenhum destes casos têm ligação com Israel, mas todos desafiam nossa segurança–, destacou, em referência aos polêmicos programas nucleares do Irã e do Iraque.
Frank condicionou o apoio à resolução de criação da zona livre de armas nucleares no Oriente Médio à retirada de uma iniciativa árabe contra Israel.
O governo israelense até hoje não confirmou nem desmentiu se possui armas nucleares. Analistas internacionais em não-proliferação estimam que Israel tem entre 100 e 200 armas atômicas. (EFE, 28/9)