Parque da Guarita, em Torres, vira alvo de vândalos e saqueadores
2005-09-29
O mais famoso cartão-postal da praia de Torres, o Parque da Guarita, virou uma
caricatura do seu passado. Vitimada por vândalos, a área com 28,2 hectares destinada
à proteção ambiental da praia-símbolo está degradada e sem condições de atender aos
visitantes. Toda a infra-estrutura foi depredada e não há prazo para sua
reconstrução.
O parque parece terra arrasada. Sequer é possível encontrar uma bica de água. O
restaurante com comida internacional, situado em frente à praia, foi destelhado pelo
furacão Catarina em 2004 e, logo em seguida, atingido por um incêndio. O que restava
foi sendo retirado por saqueadores e marcado por pichadores. Cavalos pastam no prédio
que servia de banheiro. Os sanitários estão quebrados ou desapareceram, as paredes,
repletas de fezes, os vidros foram roubados, e as lâmpadas, quebradas.
Apreciadores da natureza sofrem ao ver as condições do parque. Ari Quadros,
vice-presidente da Fundação Ibirapuitã e um dos decanos do ambientalismo gaúcho, se
diz horrorizado. Recém-instalado em Torres, onde pretende gozar da aposentadoria,
Quadros não se conforma com o estado da Guarita.
- Vou solicitar providências ao Ministério Público, isso não pode ficar nesse
abandono-, reclama.
Como outros freqüentadores, Quadros estranhou a ausência dos 50 jacarés que
costumavam estar nos banhados da Guarita. A atual administração explica que os
répteis foram retirados para sua própria proteção, pois estavam desaparecendo.
Existe o boato, não comprovado, de que eles estavam sendo caçados. Restam tartarugas
e aves em profusão, a emoldurar o local.
A prefeitura planeja uma recuperação, com ajuda da iniciativa privada. Enquanto as
licitações não saem, a principal providência foi cercar a área verde.
Contraponto
O que diz Sérgio Lima de Melo, secretário do Meio Ambiente de Torres:
- Quando a atual administração assumiu, o parque já estava depredado. A Central de
Projetos incluiu o parque entre suas prioridades. Está em processo de licitação a
reforma dos equipamentos, como banheiros e restaurante. Vamos fechar nesta semana os
banheiros, e reabri-los depois da licitação. Enquanto a situação não melhorar não
cobraremos ingresso. Nos últimos meses plantamos 500 mudas nativas e cercamos o
parque. Mesmo assim, mendigos e cavalos costumam entrar. Mantemos quatro guardas de
dia para evitar invasões, mas não temos guardas à noite porque a fiação de luz foi
furtada. A Brigada Militar nos apóia com rondas periódicas. (Pioneiro, 28/09)