Escassez deixará energia mais cara
2005-09-28
O governo trabalha com a hipótese de normalização, até 2009, não só da importação de energia da Argentina, como também das operações da usina termelétrica de Araucária (PR), que se encontra paralisada por conta de pendências com o governo do Paraná. Por isso, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, afirma que o país não sofrerá necessariamente um novo racionamento de energia em 2009. A tendência, segundo ele, é que o Brasil tenha um cenário de equilíbrio, ainda que no limite, entre oferta e demanda de energia elétrica. Isso, no entanto, como ele mesmo admitiu, deverá provocar pressões sobre os preços da energia no futuro.
— Ter sobreoferta de energia melhora a segurança do abastecimento, mas alguém paga a conta disso. Por isso não é bom ter sobreoferta de energia, porque também há um custo muito alto de manutenção de toda uma infra-estrutura de geração ociosa - justifica o presidente da EPE, que anunciou ontem o recebimento de 258 pedidos para inclusão de projetos no leilão de novas usinas previsto para o dia 16 de dezembro.
Embora admita que nem todos os projetos deverão apresentar os pré-requisitos necessários para participar do leilão, ele considerou a demanda satisfatória por demonstrar a disposição de investidores em construir novas usinas. O leilão de energia nova vai ofertar ao mercado capacidade instalada de energia para os anos 2008, 2009 e 2010.
Entre os candidatos, até mesmo a Petrobras, e sua subsidiária Petrobras Distribuidora (BR), apresentaram pedidos para habilitação de novas usinas. A Petrobras pretende participar com as usinas termelétricas a gás natural construídas e adquiridas de grupos privados, enquanto a BR deverá participar com projetos de cogeração a partir de bagaço de cana.
Para oficializar a participação, os candidatos, segundo Tolmasquim, terão que apresentar o pacote de exigências nos dias 14 de outubro - no caso das usinas hidrelétricas - e 6 de novembro, no caso das demais usinas. Os pedidos totalizam 63.378 megawatts (MW), dos quais 14.781 MW de 44 usinas hidrelétricas; 404 MW de 23 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs); 849 MW de 24 projetos de biomassa; 10.626 MW de 23 termelétricas a gás natural; 3.220 MW de cinco térmicas a carvão; 16.941 de 76 térmicas a óleo diesel; 13.386 MW de 62 térmicas a óleo combustível; e 170 MW da termelétrica boliviana de Puerto Suarez. (Jornal do Brasil, 27/09)