Vale oferece US$ 620 milhões por jazida de níquel
2005-09-28
A Companhia Vale do Rio Doce apresentou no dia 15 deste mês, ao grupo canadense Canico Resource Corp, uma proposta de compra do projeto Onça Puma, que compreende uma grande reserva de níquel localizada na região sudeste do Pará, abrangendo áreas de dois municípios - Ourilândia do Norte e Tucumã. Ao dar ontem a informação, em Belém, o diretor executivo de finanças da Vale, Fábio Barbosa, disse que a proposta, no valor de US$ 620 milhões, foi formulada com o objetivo de garantir à Vale o controle do empreendimento, através da aquisição de 50% das ações, mais uma.
— Foi uma proposta agressiva - destacou Fábio Barbosa, que veio a Belém, para contatos com autoridades governamentais e empresários, na condição de presidente em exercício da Companhia Vale do Rio Doce, já que o titular, Roger Agnelli, se acha no exterior em missão oficial.
— Considerando o volume do investimento e a configuração do projeto, só uma empresa como a Vale, com a capacidade que ela já tem de operar no Estado do Pará, teria condições de apresentar essa proposta - acrescentou.
O minério que compõe a reserva de Onça Puma é considerado o melhor níquel laterítico do mundo. O estudo geológico realizado na área pela Canico detectou a existência de uma reserva de aproximadamente 105 milhões de toneladas de minério de níquel laterítico, com teor médio de níquel contido de 2,15%. O níquel é utilizado principalmente na produção de aço inoxidável e de ligas de metais não ferrosos.
Informou o presidente da Companhia Vale do Rio Doce que a implantação do Projeto Onça Puma envolve investimentos da ordem de US$ 1,1 bilhão. Se as negociações com o grupo canadense forem bem sucedidas, assumindo a CVRD o controle do empreendimento, conforme frisou, é intenção da Companhia iniciar os investimentos já no ano que vem. Neste caso, a Vale passaria a tocar simultaneamente, no Pará, dois grandes projetos na área de níquel.
O primeiro, já em fase de instalação, é da própria Companhia. O Projeto Níquel do Vermelho, localizado na província de Carajás, 70 km ao sul das minas de ferro e 15 km ao leste da mina de cobre do Sossego, em Canaã dos Carajás, deve entrar em operação no final de 2008. De acordo com Fábio Barbosa, o Projeto Níquel do Vermelho, mobilizando investimentos de US$ 1,2 bilhão, vai produtor por ano 46 mil toneladas de níquel e 2.800 toneladas de cobalto metálico.
— A Vale quer ser uma das maiores produtoras de níquel do mundo - disse Fábio Barbosa, ao participar ontem à noite, na Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), de uma reunião com empresários locais, com os quais tratou de ações com vistas à maior participação de empresas paraenses, como fornecedoras ou prestadoras de serviços, nos grandes projetos tocados Estado pela CVRD.
Antes da reunião na Fiepa, Fábio Barbosa havia participado de um demorado encontro com o governador Simão Jatene, e ao qual a imprensa não teve acesso. Ele admitiu que foi solicitar o apoio do governador aos projetos da Companhia, mas se esquivou a entrar em detalhes sobre o teor da conversa.
Destacou ainda Fábio Barbosa, na rápida exposição feita na Fiepa, que, caso obtenha sucesso nas negociações com o Grupo Canico, a Companhia Vale do Rio Doce vai investir no Pará, somente na área do níquel, cerca de US$ 3 bilhões. Este valor corresponde à soma dos investimentos relativos à compra do Onça Puma (US$ 620 milhões), à instalação do projeto (US$ 1,1 bilhão), e ainda à implantação do Níquel do Vermelho (US$ 1,2 bilhão).
Acrescentou que, quando os dois empreendimentos estiveram em operação, o Estado do Pará assumirá a condição de quinto maior produtor mundial de níquel, com uma produção anual da ordem de 106 mil toneladas. Adicionando-se a isso, assinalou Fábio Arbosa, a produção de cobre em cinco minas operando simultaneamente, e mais a produção dos outros empreendimentos mantidos pela Vale no Estado - como caulim, minério de ferro, manganês, bauxita, alumina e alumínio - o Pará terá consolidado, conforme frisou, a sua condição de uma das mais ricas províncias minerais do planeta. Fundo vai oferecer capital de giro para fornecedores
As empresas paraenses cadastradas no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), e que mantêm relações comerciais com a Companhia Vale do Rio Doce, vão ter acesso a uma linha especial de crédito, com taxas de juros substancialmente menores que as praticadas pelo mercado financeiro. A boa notícia foi transmitida ontem, num encontro realizado na Fiepa, pelo diretor executivo de finanças e presidente em exercício da Companhia Vale do Rio Doce, Fábio Barbosa.
Ele disse que o fundo de investimentos para capital de giro deverá movimentar, numa primeira etapa, recursos da ordem de US$ 20 milhões, ou o equivalente a cerca de R$ 50 milhões. Acrescentou que o fundo vai beneficiar os pequenos fornecedores, com faturamento anual de até R$ 250 mil, e empresas de médio porte, fornecedoras ou prestadoras de serviço, com faturamento anual de até R$ 5 milhões. Esse mesmo mecanismo de crédito, acrescentou o diretor da CVRD, será adotado nos Estados do Maranhão e Minas Gerais.
— Com esse fundo de financiamento, a Vale pretende dar um alívio financeiro aos seus parceiros comerciais, permitindo-lhes a ampliação dos horizontes para o planejamento - afirmou o presidente em exercício da CVRD.
Acrescentou que a sua presença em Belém, tanto no contato mantido com o governador Simão Jatene quanto no encontro com os empresários ligados à Fiepa, teve por objetivo exatamente reafirmar a parceria com o Estado do Pará e com as empresas paraenses.
O encontro na Fiepa, que começou um tanto frio, acabou depois mergulhado num clima de grande cordialidade. Além da disposição da Vale em colaborar com as empresas locais, dotando-as inclusive de recursos financeiros para melhor se credenciarem como fornecedoras, o que mais animou o empresariado paraense foram as amplas perspectivas que tendem a se abrir aqui para novas oportunidades de novos negócios. Os portentosos investimentos projetados pela CVRD para o Estado do Pará contemplam, de fato, números impressionantes.
Destacou o presidente em exercício da Companhia que, até 2010, a Vale do Rio Doce planeja investir, no Pará, recursos da ordem de R$ 23,9 bilhões. Só os planos de investimentos em projetos, conforme frisou, alcançam a casa de R$ 16,5 bilhões. Declarou Fábio Barbosa, a propósito, que o Pará é um Estado estratégico no plano de investimentos da Companhia. E aqui, conforme frisou, é particularmente estratégica a área de alumínio, na qual a empresa tem programado grande volume de investimentos.
— A área de alumínio é estratégica para nós tanto do ponto de vista das reservas, quanto das refinarias e dos seus recursos tecnológicos - aduziu.
Além de Fábio Barbosa, participaram da reunião de ontem com o governador Simão Jatene e, mais tarde, com os empresários reunidos na Fiepa, o diretor executivo de não ferrosos da CVRD, José Lancaster, o diretor de gestão ambiental e territorial, Maurício Reis, o diretor de ferrosos para o Sistema Norte, José Carlos Soares, o diretor de não ferrosos de Carajás, Mário Godoy, e o gerente de relações institucionais da Vale no Pará, Eugênio Victorasso. (O Liberal, 27/09)