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2005-09-28
O economista australiano Warwick McKibbin defendeu ontem, em Campinas, que a abordagem sobre o mercado de carbono do Protocolo de Kyoto não é a mais correta e sugeriu a cobrança pela emissão de carbono na atmosfera, controladas individualmente pelos países por meio de instituições que teriam direito de propriedade sobre essas emissões.

O teto para emissões é um objetivo a ser alcançado no longo prazo, disse McKibbin, e, no curto prazo, as instituições controlariam o preço do carbono. O economista participou ontem à noite da palestra Políticas de Mudanças Climáticas após Kyoto, no Espaço Cultural da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Pouco antes, falou à imprensa junto com o físico alemão Klaus Heilonth, defensor do Protocolo, que fará palestra na quinta-feira.

Segundo McKibbin, a China desenvolveu um trabalho interessante, com a intervenção direta do governo, de atribuir valor de mercado à emissão de dióxido de enxofre. Com isso, as empresas puderam escolher entre reduzir a emissão ou pagar por ela. Ele reconheceu que o conceito é parecido com o de crédito de carbono definido no Protocolo de Kyoto, que permite a países industrializados adquirir os créditos de carbono não produzidos pelos países em desenvolvimento.

— A abordagem do protocolo não é correta. É preciso usar o mercado de forma mais esperta - insistiu o economista. Ele defendeu que os problemas ambientais precisam ter valor para que as sociedades lidem com eles de maneira correta. Acrescentou que a cobrança pela emissão de carbono vai estimular políticas de desenvolvimento de fontes alternativas de energia. As decisões, disse, caberiam aos governos e o mercado definiria a maneira de administrar o risco.

De acordo com o economista, os países que aderiram ao Protocolo têm sete anos para se adequar, enquanto os investimentos em energia são planejados para 30, 40 anos.

— Temos de esquecer a idéia de um alvo em dez anos e reconhecer que os custos têm importância - argumentou, afirmando que seria simples adaptar o Protocolo à sua proposta.

McKibbin alegou que é necessário cautela ao atribuir desastres naturais recentes, como os furacões na costa norte-americana e as ondas de calor na Europa, ao aquecimento global. Heilonth discordou prontamente e afirmou que o homem tem pelo menos 50% de culpa por esses desastres. O físico reconheceu que ainda não há respostas nem solução imediatas. Mas defendeu que cada país precisa buscar fontes alternativas de energia conforme suas condições.

Heilonth citou como positivas as pesquisas brasileiras de uso de biomassa e energia solar. Comentou que o grande desafio é baratear a produção dessas formas de energia e criar métodos para armazená-las. O físico apostou na visão de cientistas jovens para buscar respostas a esses desafios. Lembrou que hoje a mudança climática equivale a 1% do Produto Interno Bruto global, mas esse custo deverá crescer.

— Hoje os danos causados por esse 1% podem ser pagos. Mas, nos piores casos, poderá atingir 60%. As mudanças climáticas estão afetando cada país de forma específica - alertou o físico. Ele insistiu no desenvolvimento imediato de formas de energia limpas e baratas.(O Estado de S. Paulo, 27/09)

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