Pesquisadores estudam redução de emissões com adição de minerais em fertilizantes
2005-09-27
Pesquisadores brasileiros estão estudando a possibilidade de reduzir as emissões de
gases poluentes na atmosfera, causadores do chamado efeito estufa no planeta, a
partir da adição de minerais em fertilizantes. O trabalho está sendo realizado por
técnicos do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e
Tecnologia, em parceria com a Embrapa Solos e o Instituto de Física das Universidades
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
A idéia é utilizar o mineral zeolita como aditivo aos fertilizantes nitrogenados, ou
seja, em que há nitrogênio (como a uréia), para reduzir as emissões.
O projeto conta com apoio da Petrobras, por meio da indústria de fertilizantes Fafen,
da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(Faperj), da Secretaria estadual de Ciência e Tecnologia, no montante de R$ 200 mil,
dos quais R$ 100 mil já foram liberados.
A pesquisadora do Cetem Marisa Monte informou à Agência Brasil que na agricultura
intensiva o uso de fertilizantes solúveis é muito grande. A estes se adiciona a
uréia, que se transforma em amônia e vai para a atmosfera. Segundo ela, estudos
mostram que essa substância é um dos causadores de contaminação, ou seja, de
poluição relacionada com o buraco de ozônio.
A especialista explicou que do mesmo modo que a zeolita encapsula (encerra)
nitrogênio e libera de forma lenta, ela também tem a possibilidade de armazenar
amônia, minimizando esse efeito de evaporação.Isso acontece na agricultura também.
Acrescentou que antes que os microrganismos transformem a uréia em amônia, a planta
consegue absorver o nitrogênio. – O que acontece é que a zeolita absorve a amônia,
vai liberando lentamente e minimiza o efeito-, informou.
A idéia do projeto é estudar, por meio de técnica fotoacústica, quanto de amônia
existe na atmosfera e se há menor volatilização (redução a gás ou vapor) quando na
presença desse substrato. Marisa Monte avaliou que uma vez comprovado
cientificamente, o estudo será muito importante para essa vaporização. O objetivo é
comprovar a ação da zeolita para reduzir a poluição no ar, provocada pelos
fertilizantes solúveis.
Numa primeira etapa, serão realizados testes desse composto mineral com flores,
dentro do projeto Florescer, do governo fluminense, que é uma cultura que apresenta
maior valor agregado, disse Monte. Admitiu que no futuro, se realmente se comprovar
que ele minimiza a volatilização, a possibilidade da Fafen comercializar esse
substrato com a uréia é muito grande.
A idéia é, numa segunda etapa, formar um novo produto que possa ser vendido em grande
escala. A pré-viabilidade ainda não começou porque antes é necessária a comprovação
cientifica do projeto, esclareceu Monte. – O estudo, destacou, centraliza a questão
da minimização da volatilização-. A expectativa é que o projeto seja concluído no
prazo de dois anos. (Litoral Norte, 26/09)