Para conservar a gasolina, Bush pede aos americanos que dirijam menos
2005-09-27
Com medo de que os custos com energia cheguem a níveis capazes de quebrar o crescimento econômico do país, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, conclamou ontem (26/9) os americanos a conservarem gasolina dirigindo menos. Ele também encaminhou uma diretiva para todas as agências federais para que elas cortem seus próprios gastos energéticos e encoragem empregados a utilizarem transporte público.
Bush disse que o governo está novamente preparado para recorrer ás reservas estratégicas de petróleo – Conclamamos todos os tipos de economia–, disse ele. –As pessoas apenas precisam reconhecer que as tempestades causaram este contratempo–, acrescentou, afirmando que, se os americanos forem capazes de evitar –fazer viagens não essenciais, será muito útil–.
O presidente prometeu mergulhar fundo nas reservas de petróleo do governo, se necessário, e a continuar relaxando as regras ambientais para o transporte, num esforço para conseguir maior aproveitamento do combustível. No Capitólio, republicanos requereram ontem (26/9) uma nova legislação que, segundo eles, poderia baratear os custos da energia pelo aumento do abastecimento e pela expansão da capacidade de refino em longo prazo.
Mesmo que o furacão Rita tenha causado muito menos dano à indústria do petróleo do que se temia, os dois recentes furacões desbalancearam a produção no Golfo do México de forma suficiente para assegurar que os americanos estão diante de um inverno em que os custos da energia vão aumentar de forma sensível. O preço do gás natural, utilizado pela maioria das famílias para o aquecimento de seus lares, aumentou ainda mais que o da gasolina, recentemente.
Os residentes estão a caminho de gastar uma média de US$ 4,5 mil em energia, neste ano, ou seja, US$ 500 a mais do que no ano passado e US$ 900 a mais do que em 2003, segundo dados do Global Insight, uma empresa de pesquisa da área energética.
Os comentários de Bush foram particularmente notáveis porque a administração federal estava enfatizando há algum tempo nova produção ao invés de conservação. Também, antes dos furacões, havia optado por não impor padrões elevados de milhagem para os fabricantes de automóveis – de certa forma, livrando-os de um compromisso mais rigoroso quanto ao número de galões por quilômetro que os carros podem render.
Em 2001, o vice-presidentw Dick Cheney disse –A conservação pode ser um sinal de virtude pessoal, mas não pode ser a base de uma política energética sadia–. Também naquele ano, Ari Fleischer, então secretário de imprensa de. Bush, respondeu à questão sobre redução do consumo norte-americano de energia dizendo: –É um grande não–. –O presidente acredita no estilo americano de vida–, afirmou Fleischer.
As companhias de petróleo passaram a maior parte do dia de ontem avaliando os danos causados pelo furacão Rita, que parece ter afetado muitas unidades de produção e refino de petróleo e gás. Ainda ontem (26/9), a maioria da produção – cerca de quatro quintos – de gás natural permaneceu interditada, pouco menos do que no mês passado, com a passagem do Katrina, que deixou a indústria do setor quase paralisada.
O Golfo do México produz 7% do consumo de petróleo dos Estados Unidos e fornece 16% do gás natural consumido no país. Cerca de metade das 16 refinarias foram forçadas a parar por causa do Rita, mas têm planos de recomeçar em breve a produção. Mas a quebra no refino já fez o preço do galão ir para US$ 2,80. (Fonte: The New York Times, 27/9)