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2005-09-27
Um estudo elaborado pelo Greenpeace Internacional mostra que 90% dos maiores varejistas e 73% dos grandes fabricantes de alimentos e bebidas da União Européia adotaram uma política de não utilização de transgênicos em seus negócios no mercado europeu para atender à nova legislação européia de rotulagem.

A lei européia atual, que obriga a rotulagem de todos os produtos finais que tenham sido fabricados com ingredientes transgênicos, entrou em vigor em 2004 e é mais rigorosa que a anterior. Até 2004, a legislação obrigava a rotulagem apenas para produtos finais nos quais os transgênicos pudessem ser detectados. Com a nova lei, as empresas são obrigadas a realizar todo o rastreamento da cadeia produtiva de seus produtos.

De acordo com o estudo do Greenpeace, os resultados expressam claramente uma rejeição em massa dos ingredientes transgênicos nas maiores empresas européias do setor de alimentos e bebidas. – A rejeição européia é um forte argumento comercial para manter o Brasil como a principal fonte de soja não transgênica e a criação de áreas livres de organismos geneticamente modificados-, afirmou Ventura Barbeiro, da campanha de engenharia genética do Greenpeace.

– É evidente que o agricultor brasileiro só tem a ganhar se mantendo livre de transgênicos-, afirmou Barbeiro. – Apesar da Lei de Biossegurança aprovada em março deste ano, autorizar a soja transgênica, não faz nenhum sentido plantar ou produzir alimentos com soja geneticamente modificada. No Rio Grande do Sul o prêmio para a soja convencional já chega a 10%, além disso quem planta transgênicos tem o desconto dos royalties-, contou.

Negócios Dos 30 fabricantes de alimentos e bebidas apontados no relatório, entre os quais estão as 20 maiores companhias do continente e 10 outros fabricantes que têm importância significativa nos mercados nacional e global, 22 empresas responderam ao Greenpeace se comprometendo com a não-utilização de transgênicos em toda a UE, incluindo Nestlé, Unilever, Coca-Cola, Masterfoods, Heineken, Barilla, Dr. Oetker, Ferrero, Bonduelle e Kellogg.

O volume de negócios desses 22 fabricantes chega a 526,3 bilhões de reais, o que representa 76% das vendas das 30 empresas retratadas no relatório do Greenpeace e 17% do total de vendas de alimentos e bebidas na Europa em 2002.

Em relação aos 30 maiores varejistas da União Européia, que inclui grupos como Carrefour, Wal-Mart e Casino, 27 deles têm uma política de não utilização de transgênicos em toda a UE ou pelo menos em seu mercado principal. Em 2003, os negócios dessas 27 empresas representaram 91% do total de vendas dos 30 maiores varejistas europeus.

Algumas empresas estão exportando a mesma política para mercados fora da Europa. É o caso do Carrefour, o maior grupo varejista da UE, que já implementou a política de não utilização de transgênicos no Brasil e em outros países da Ásia e América Latina.

No Brasil, segundo pesquisa do ISER realizada em julho de 2004, 74% dos consumidores preferem consumir alimentos não transgênicos. Essa rejeição se traduz em resultados diretos para a lista verde do Guia do Consumidor (www.greenpeace.org.br/consumidores), que aponta que 65 das 109 empresas listadas garantem produtos sem transgênicos, número com tendência a crescer. Na lista verde do Guia, além das novas adesões, encontram-se gigantes da indústria alimentícia como Nestlè, Parmalat, Unilever, Sadia e Perdigão, entre outras. (Página Rural, 26/09)

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