Aquecimento abre a era dos furacões
2005-09-27
Os nove furacões e oito tempestades tropicais registrados este ano, em pouco mais de
meia temporada no Atlântico, criaram um recorde e parecem confirmar que, nas próximas
décadas, haverá cada vez mais furacões, e cada vez mais intensos. Nunca antes as
autoridades meteorológicas americanas haviam registrado tantas tempestades no início
da temporada, que começa em 1º de junho, nem furacões tão intensos quanto o Dennis e o
Emily, que alcançaram a categoria 4 numa escala de 5, e que foram seguidos pelo
trágico Katrina e, agora, pelo Rita.
Diferentes cientistas concordam em alguns motivos para isso, sendo o principal a alta
temperatura da água do oceano, principal combustível dos furacões. Mas as divergências
consistem nas causas dessa temperatura mais elevada. Enquanto alguns sustentam que ela
se deve a padrões cíclicos naturais, outros sugerem que ela poderia ser produto do
aquecimento global.
Segundo especialistas, estamos diante de um ciclo de pelo menos duas décadas e meia,
durante o qual a atividade de furacões será intensa. A Administração Nacional Oceânica
e Atmosférica americana prevê para este ano de 18 a 21 tempestades tropicais, entre
elas de 9 a 11 furacões, e que esta será uma das temporadas mais ativas da história.
Os efeitos do aquecimento já são sentidos também na intensidade dos furacões, que –
depende da temperatura na superfície do mar-, disse o conselheiro científico do
governo britânico, David King. – Levando em consideração que o planeta continua se
aquecendo, temos que antecipar um aumento da violência dos furacões-.
Mais do que os fortes ventos, os maiores perigos dos furacões são as chuvas e as
inundações, que podem provocar tragédias como fez o Mitch, em Honduras e na Nicarágua,
em outubro de 1998, quando morreram mais de 18 mil pessoas. (CP 25/09)