Colonos mantêm protesto contra construção de usina em Alpestre
2005-09-26
O acampamento de protesto, montado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Alpestre (RS) completa quatro meses amanhã. Famílias catarinenses e gaúchas que serão atingidas pela Usina Foz do Chapecó estão instaladas na região do futuro canteiro de obras, na comunidade de Volta Grande, em Caxambu do Sul (SC). A hidrelétrica será construída no leito do rio Uruguai, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul.
O acampamento foi uma decisão tomada pela coordenação do MAB em 23 de maio, numa demonstração de indignação com o trâmite da negociação envolvendo o reassentamento e o repasse de indenizações às famílias atingidas direta ou indiretamente com a barragem.
Segundo José Mauro Bremm, membro da coordenação estadual do MAB, não houve nenhum avanço nesses 120 dias de ocupação do canteiro de obras.
— Tentamos marcar reuniões e também solicitamos documentos, mas não fomos atendidos em absolutamente nada. Eles se negam a negociar - garantiu. Desde 1997 as mais de 3500 famílias aguardam a formalização de garantias.
Bremm diz que as famílias de agricultores estão impacientes com a situação. Não sabem se vão continuar plantando porque já tiveram muitos prejuízos pela indefinição e o clima de insegurança que se instalou em toda a região.
— Só queremos ter certeza de que não perderemos todo o nosso patrimônio. Afinal são 115 comunidades atingidas - salienta.
O diretor-adjunto de Meio Ambiente do Consórcio Energético Foz do Chapecó, Walter Zer dos Anjos, disse que, por enquanto, o acampamento não atrapalha os trabalhos visando a construção da usina. Ele contestou a origem do movimento.
— Essas pessoas não fazem parte da população que mora na área em que será construída a usina - garantiu, ao afirmar que se trata de um grupo contratado para protestar contra a obra.
Segundo ele, o recadastramento dos atingidos foi realizado no primeiro semestre de 2005 e 13 comitês de negociação estão à disposição das famílias em cada um dos municípios atingidos. O certo, garantiu, é que todos serão indenizados até o início das obras.
Se as obras iniciarem entre janeiro e março de 2006, as turbinas da hidrelétrica poderão ser ligadas a partir de setembro 2009. Ao todo, a Usina Foz do Chapecó vai gerar 855 megawatts de energia. Considerado um dos maiores projetos civis do Oeste do Estado, a usina vai exigir um investimento de R$ 2 bilhões. (A Notícia, 24/09)