Tractebel credencia unidade de cogeração para venda de créditos de carbono
2005-09-23
A usina de cogeração de Lages (SC) está passando pelo processo de certificação para a comercialização de créditos de carbono. Segundo Carlos Gothe, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Tractebel Energia, a consultoria responsável pela validação do projeto já visitou o local e prepara o relatório final sobre a adequação da usina ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. Gothe espera que até dezembro deste ano o processo de certificação na Organização das Nações Unidas esteja concluído. O projeto conta com a assistência técnica do Banco Mundial, que tem preferência para comprar 40% dos RCEs (Redução Certificada de Emissões).
A comercialização dos outros 60% dos certificados está sendo estudada pela empresa, mas o executivo adiantou que o grupo Suez Energy, controlador da Tractebel Energia, comprará uma parte, para atingir metas de redução na Europa. A outra, segundo ele, será inscrita no Banco de Projetos de Redução de Emissão no mercado de carbono da Bolsa de Mercadorias & Futuros, aberto na semana passada. Gothe explicou que se o Banco Mundial não exercer sua opção de compra, a Tractebel poderá disponibilizá-los no mercado.
De acordo com o gerente, a usina catarinense produz 28 MW e 25 toneladas hora de vapor. Pelos cálculos de Gothe, a unidade tem capacidade de evitar a emissão de 200 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o que deve render US$ 1,2 milhão a Tractebel Energia, tendo em vista que a tonelada de CO2 está cotada entre US$ 5 e US$ 6. Além da usina de cogeração, a empresa estuda outros projetos na área de biomassa no Brasil.
— Ainda não há nada concreto nesta área, mas estamos estudando alternativas em biomassa - contou Gothe. A unidade de cogeração de Lages é movida pela queima de resíduos gerados pelas madereiras da região. O projeto começou a ser desenvolvido em 2001, já com a intenção de vender créditos de carbono, lembrou o executivo. A produção de energia elétrica começou em dezembro de 2003 e a de vapor em abril do ano passado.
Com objetivo também de vender os créditos, a Suez Energy está pedindo a certificação de duas pequenas centrais hidrelétricas no Chile. Gothe disse que ainda não está definido se a América Latina será o principal fornecedor de créditos para o grupo, mas o executivo apontou a região, a China e a Índia como grandes beneficiários das vendas dos RCEs. (Canal Energia, 22/09)