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2005-09-23
Em um ato realizado na sede do Ministério Público Estadual (MPE), o governador Jorge Viana decretou ontem situação de emergência na capital e nos demais municípios do Baixo e Alto Acre. A medida, de acordo com o governador, atende recomendação da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente e ainda solicitações dos prefeitos das regiões envolvidas.

Presentes ao ato estavam oito prefeitos, dirigentes do Imac, Ibama, Corpo de Bombeiros, Exército, ongs, sindicatos e associações.

A decretação de situação de emergência implica maior envolvimento do Estado no combate efetivo às queimadas, como também mobiliza o governo federal para apoio às ações realizadas pelo governo acreano.

Durante o ato, o governador agradeceu a colaboração do MPE e afirmou que medidas enérgicas deverão ser adotadas a partir de agora.

— Se precisamos tomar medidas radicais e enérgicas para combater as queimadas não iremos nos furtar - alertou Jorge Viana. De acordo com ele, será solicitada ajuda dos ministérios da Saúde, para ajudar na orientação da população, e do Meio Ambiente, para o combate às queimadas. Será intensificada ainda mais a campanha de combate às queimadas, fortalecido o Corpo de Bombeiros e solicitada a ajuda do Exército para atuação direta no combate aos focos de incêndio.

Jorge Viana declarou ainda que não se pode eximir o pode público do Estado da culpa pela situação em que o Acre vive hoje, mas garantiu que o problema maior advém das queimadas realizadas nos Estados de Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e da Bolívia e ainda da situação geográfica do Acre, que favorece a entrada de correntes de ventos vindos desses Estados carregados de fumaça.

— Pedi que fosse feito um levantamento dos focos de queimadas na região nos últimos quatro dias. Para se ter uma idéia da gravidade, foram registrados 42.740 focos de incêndio somente no Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Pará e Maranhão, enquanto no mesmo período no Acre foram registrados 1.068 focos. Nós temos nossa culpa, sim, mas são os demais Estados os principais responsáveis pela fumaça que afeta os acreanos - explicou.

O governador não descarta medidas judiciais para responsabilizar os demais Estados.

— Isso é algo que devemos analisar, mas não está descartada essa possibilidade.

Além de todas essas medidas, o governador Jorge Viana sugeriu um ato público em defesa da Amazônia. A intenção, de acordo com ele, será de mobilizar toda a comunidade para um problema que afeta todos, além de chamar a atenção do governo federal e da grande imprensa nacional para a situação crítica que vive o Estado.

Prefeitos dizem que situação está fora de controle
Oito prefeitos dos municípios mais atingidos pelas queimadas estiveram presentes ontem durante a decretação de situação de emergência pelo governador do Estado. Entre eles o prefeito Tião Bocalon, de Acrelândia, que há dez dias havia decretado situação de emergência em seu município, já que a poluição por causa da fumaça das queimadas chegou a níveis alarmantes. Os postos de saúde estão lotados, quase a totalidade da produção agrícola do município foi consumida pelo fogo e a pecuária está amargando prejuízos nunca antes vistos.

Situação semelhante vive o prefeito de Assis Brasil, Manoel Batista. Ele disse que o fogo está próximo da cidade e que não há formas de controlar.

— Antes de sair de Assis Brasil, havia 12 focos de incêndio bem próximos à cidade. Estamos com o apoio de toda a comunidade, Exército, associações e funcionários da prefeitura, mas o fogo é muito e age rápido. Não temos como controlá-lo - lamentou.

De acordo com ele, recentemente a prefeitura recebeu duas bombas para o combate a incêndios florestais doadas pelo governo do Estado, mas estão sendo ineficientes no combate ao fogo. O baixo nível do rio Acre também afeta o trabalho de combate aos incêndios.

Já em Sena Madureira há água suficiente, mesmo assim o combate aos focos não está sendo fácil. A fumaça é intensa na cidade, o gado está morrendo no pasto e os agricultores estão desesperados sem saber o que fazer.

— Há pessoas que perderam tudo e estão na cidade, sem ter para onde ir e sem saber o que fazer da vida. É uma situação triste - afirmou o prefeito Nilson Areal

Problemas iguais vive o prefeito Paulinho Almeida, de Plácido de Castro. Lá ele garante que 90% da pecuária foi atingida e número semelhante ou maior está sendo registrado na agricultura.

— O fogo em Plácido está fora de controle. São tantos focos que já estão atingindo a região da Bolívia, onde não podemos fazer nada para evitar - reclama Paulinho.

No Bujari, o prefeito Michel Oliveira lamentou a perda da produção nos pólos agroflorestais Dom Moacir e Hortifrutigranjeiro. De acordo com ele, os prejuízos são consideráveis.

— Não há como calcular, mas há produtores que perderam tudo - garante Michel.

Poluição está quase três vezes acima do normal
O prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, disse que os dados dos órgãos que monitoram o nível de poluição em Rio Branco estão divulgando dados alarmantes. Ele disse que o nível de poluição nos últimos dias chegou a 400 microgramas, enquanto o nível máximo admitido pela Organização Mundial de Saúde é de 150 microgramas.

Angelim disse que esse alto índice de poluição está sendo sentido nas escolas, onde até aulas já estão sendo canceladas em algumas delas.

Outro grave problema refere-se ao abastecimento. De acordo com o prefeito de Rio Branco, o rio Acre chegou ao seu mais baixo nível na semana passada, quando foi registrado apenas 1,64 metro de profundidade.

— Felizmente esse nível subiu um pouco. Chegou a 1,80 e depois baixou novamente. Estamos agora com 1,70 metros. Isso mostra o quanto a situação é grave. Situação nunca vista em mais de 30 anos - lamentou Angelim.

A poluição causada pela fumaça vem lotando os hospitais de Rio Branco. Postos de saúde e o pronto-socorro já não dão conta de atender tantos pacientes. Inicialmente só crianças e idosos estavam sendo afetados. Agora, adultos também estão sendo vítimas de problemas respiratórios e de rotavirus, que provoca diarréia, febre e desidratação.

No aeroporto de Rio Branco, os vôos chegaram a ser cancelados por falta de visibilidade, que na terça-feira não ultrapassava os 300 metros. A umidade relativa do ar chegou a menos de 30%, quando o normal em Rio Branco é de mais de 80%. Ontem, esses índices tiveram uma leve melhora.

Às 11 horas de ontem a umidade relativa do ar estava em 52% e a visibilidade em 800 metros. Já à tarde, por volta das 15 horas, a umidade relativa do ar estava em 37%, mas a visibilidade aumentara para 1,2 quilômetros, indicando uma pequena dispersão na fumaça que pairava na cidade.

Pecuaristas montam brigada para combater focos de incêndio
Uma brigada composta de 30 homens, veículos e maquinários está percorrendo as fazendas de Rio Branco na tentativa de identificar e combater os focos de incêndio que se formam. O trabalho da brigada ocorre sempre à noite, quando a temperatura cai e a escuridão ajuda na identificação dos focos.

Essa informação foi dada ontem pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre, Assuero Veronez. Ele garante que os pecuaristas acreanos estão preocupados com a situação verificada no Acre e que os prejuízos para o setor são incalculáveis.

— Temos os prejuízos imediatos, como a queima do pasto, de cercas e outros insumos. Mas os prejuízos maiores ainda não são possíveis de calcular - afirma Assuero. Ele explica ainda que esses prejuízos serão sentidos ao longo dos próximos três anos. Isso porque o gado, com a falta de alimento, deverá perder peso, ter redução na produção de leite, aumento da idade mínima para abate e redução na taxa da natalidade.

— A comunidade está sentindo os efeitos negativos de tudo isso através da respiração. Nós estamos sentindo na respiração e no bolso - lamentou. (Página 20 – Acre, 22/09)

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