Fuga do furacão Rita causa congestionamentos em estradas do Texas
2005-09-23
Cerca de 1 milhão de pessoas tentavam abandonar as áreas do Texas que estavam na rota do furacão Rita desde quarta-feira (21/9), causando caos nas estradas e aeroportos. O furacão perdeu um pouco de sua força antes de chegar aos EUA, mas continua a ser um furacão extremadamente perigoso.
No final da tarde de ontem (22/9), Rita estava 650 quilômetros ao sudeste de Galveston. Seus ventos baixaram para a velocidade de 230 quilômetros por hora, mas o furacão ainda continua na categoria 4 na escala Saffir-Simpson,(de 1 a 5), segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), com sede em Miami.
A previsão é de que Rita atinja o continente entre a noite desta sexta-feira (23/9) e na madrugada de sábado (24/9), em algum ponto entre as cidades de Galveston e Port Arthur, na fronteira com a Louisiana.
As estradas que ligam a cidade costeira de Galveston (Texas) ao interior do Estado, e as que saem de Houston (60 quilômetros a noroeste) ficaram praticamente paradas, com gigantescas filas de congestionamento. Algumas pessoas estavam a 13 horas paradas na estrada, na tentativa de deixar a região.
No meio da tarde, a polícia de Houston reverteu o tráfego em várias estradas para fora da cidade, para agilizar o movimento. Caminhões de combustível foram colocados nas rodovias, para auxiliar aqueles que ficaram sem gasolina devido ao longo período parados no local, informou o chefe de polícia Harold Hurtt à rede de TV americana CNN.
Vários postos de gasolina ficaram sem combustível, segundo informações da polícia.
Nos aeroportos de Houston, milhares de passageiros que queriam deixar a cidade enfrentaram grandes atrasos devido à falta de inspetores de bagagem, que não foram trabalhar.
As companhias aérea Continental e Southwest tiveram que contratar funcionários extras para agilizar o atendimento e cancelaram seus vôos a partir da tarde desta sexta-feira (23/9).
Já a American Airlines procurava aviões maiores, para acomodar o grande número de passageiros desesperados para abandonar a cidade. Em Galveston, de 57 mil habitantes, 90% da população já havia deixado a cidade, segundo o representante municipal, Steven Leblanc. –Está parecendo uma cidade-fantasma, e isso é bom–, afirmou.
Um alerta de furacão estava em vigor no golfo do México, de Port O Connor (120 quilômetros ao sudoeste de Galveston) até Morgan City, na Louisiana, 75 km a oeste de Nova Orleans. Galveston foi cenário, em 1.900, do pior furacão da história do país, que deixou 8.000 mortos.
O presidente Bush, criticado pela lenta resposta ao desastre do Katrina, afirmou nesta quinta-feira (22/9) que todos devem estar –preparados para o pior–.
–Funcionários de todos os níveis estão se preparando para o pior. As Forças Armadas já mobilizaram tropas. Temos recursos para ajudar os funcionários federais, estatais e locais a responder rápida e efetivamente à emergência–.
O Exército dos EUA já enviaram ao menos 26 helicópteros e equipes de comunicação ao Texas, e deviam colocar o tenente-general Robert Clark, comandante do Quinto Exército, a cargo da operação, afirmou o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman.
Um total de 5 mil membros da Guarda Nacional do Texas também foram destacados e o governador do Estado, Rick Perry, pediu ao governo federal a mobilização de 10 mil soldados.
As autoridades federais enviaram, também, caminhões com água, alimentos e gelo às cidades texanas de Austin, Houston e San Antonio.
A governadora da Louisiana, Kathleen Blanco, pediu aos moradores das áreas costeiras que se retirem o quanto antes e não se dirijam ao Texas. A maioria dos desabrigados pelo furacão Katrina --que destruiu Nova Orleans em 29 de agosto e deixou mais de mil mortos-- estão no Texas. Segundo Blanco, quase 500 mil pessoas devem deixar suas casas na Louisiana.
Autoridades dizem temer que os três diques de Nova Orleans que estouraram por causa das chuvas causadas pelo Katrina não suportem o volume de água das tempestades do Rita. A aproximação do furacão também obrigou o fechamento de várias refinarias de companhias petrolíferas no Texas, responsável pelo processamento de 25% do petróleo consumido pelo país.
Pelo menos 16 das 26 refinarias texanas estão na mira do furacão, e muitas já pararam de produzir. Isso ajudou a disparar o preço do barril do petróleo no mercado internacional, que chegou a ser negociado a US$ 67,82 em Londres, 1,5% a mais que a cotação do fechamento desta segunda-feira em Nova York, US$ 66,57. (FSP, 22/9)