Vale mais perto da maior reserva não-explorada de níquel do mundo
2005-09-22
Em um lance inesperado para o mercado, a MPX Mineração e Energia, do empresário Eike Batista, abriu caminho para a Companhia Vale do Rio Doce sacramentar o controle da mineradora canadense Canico, detentora daquela que é considerada a maior reserva não-explorada de níquel do mundo, o projeto Onça Puma. Localizado no município de Orilândia, no Sul do Pará, o projeto recebeu na terça-feira (20/9) de autoridades ambientais do estado a licença para operação. Na quinta-feira passada, o empresário afirmou que não venderia os 12% do capital social que detinha, mas mudou de idéia 24 horas depois, quando deu início à venda dos papéis.
A operação colocou Eike na condição de market maker (formador de preço) dos papéis, já que ditou o ritmo dos negócios ao estabelecer o preço de 20,15 dólares canadenses no pregão da Bolsa de Toronto, na última sexta-feira. Mas, passada a euforia inicial, a cotação caiu para 19.11 dólares canadenses ontem à tarde.
Anteontem, Eike comunicou a operação à autoridade regulatória do Canadá, uma vez que havia baixado de 12% para 10% o total de papéis da Canico sob seu controle. A exigência é determinada pela legislação canadense, toda vez em que o patamar de 10% é ultrapassada para cima ou para baixo.
Na última quinta-feira, a Vale comunicou ao mercado canadense uma oferta de compra do controle da mineradora Canico. A empresa ofereceu o equivalente a 17,50 dólares canadenses por cada ação detida pelo mercado. O capital da empresa, totalmente pulverizado, está dividido em 13,8% da canadense Inco; 8,9% da Management; 11,3% da Centenial Asset, braço da MPX no negócio; e 65,9% de posse de minoritários.
Eike justificou a decisão sob argumento de que considerava satisfatório o valor atingido na sexta-feira pelos papéis da mineradora.
— Consideramos que nesse patamar o papel estava bem precificado pelo mercado. Avaliamos que esse era um valor justo pelas ações - afirmou Eike, ao acrescentar que acredita ter impulsionado o negócio com a Vale.
Ele também comentou que, qualquer que seja o operador da mina Onça Puma, dependerá de toda a infra-estrutura da Vale na região. Além disso, acrescentou, o projeto demandará investimentos de US$ 1,1 bilhão, valor que segundo ele só uma mineradora do porte da Vale terá condições de dispender.
Para os analistas do setor de mineração, a iniciativa de Eike foi positiva para a consolidação dos planos da Vale.
— De certa forma ele estipulou um patamar de preço para as ações. A partir do momento em que um dos controles admite que o preço mais justo para as ações é de cerca de 20 dólares canadenses, ele está formando um preço. Dificilmente alguém pagará mais por estes papéis - diz Rodrigo Barros, analista da Unibanco Asset Management.
De mesma opinião é o analista do ABN Amro Bank, Pedro Galdi. Para ele, a transação realizada pelo empresário facilitará a obtenção do controle da Canico pela Vale. (Jornal do Brasil, 21/09)