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2005-09-22
Também pesa sobre o processo de construção da Perimetral Sul o sumiço de documentos importantes que atestavam danos ambientais à área. Um deles dizia respeito à remoção de terra em um barranco, que atingiu a propriedade de Vasco Antonio Fedrizzi, 78 anos.

Em uma das mais de 10 idas à Secretaria do Planejamento Municipal (Seplam) e à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) - quase todas documentadas -, Fedrizzi percebeu que as páginas contendo o laudo atestando o prejuízo na sua propriedade e a irregularidade da obra tinham sido suprimidas do processo. - A minha sorte é que antes de ele sumir, eu tinha feito uma cópia-, conta.

O documento informava, entre outras coisas, que dois secretários que atuaram na Seplam durante a execução da Perimetral - José Ricardo Gonçalves Neves e Mauro Cirne - sabiam que a terra estava sendo retirada sem laudo técnico nem licença ambiental. O relatório também sugeria que as pessoas envolvidas na remoção fossem punidas e reparassem o dano ambiental. Mas o processo foi arquivado, sem esse laudo, e sem que qualquer pessoa fosse responsabilizada. - Pela prefeitura, se eu quiser construir alguma coisa no meu terreno, vou ter que fazer um muro de contenção, e ainda corro o risco de ser multado por um dano que não cometi e que a prefeitura sabia que estava ocorrendo-, queixa-se Vasco Fedrizzi.

Ele já encaminhou o caso a uma advogada, que tentará resolver a situação na Justiça. O secretário atual do Meio Ambiente, Ari Dallegrave, diz que abriu uma sindicância para investigar esse e outros casos semelhantes ocorridos na secretaria. - Temos denúncias de outros casos de documentos que sumiram e estamos investigando tudo-, assegura Dallegrave.

Secretário do Planejamento na época afirma que responsabilidade não era sua

Entrevista: Mauro Cirne, secretário de Planejamento na época O titular da Secretaria de Planejamento Municipal (Seplam) na época, Mauro Cirne, também foi procurado pelo Pioneiro, mas deu uma versão diferente da apresentada pelo ex-prefeito Pepe Vargas. Cirne disse que tinha convicção de que a Perimetral possuía licenciamento e culpou a Secretaria do Meio Ambiente por não ter encaminhado o pedido.

Apesar de, na época da construção da obra, ter liderado todos os trabalhos, afirmou que não era a Seplam quem coordenava a construção da Perimetral, mas uma equipe de várias secretarias. Confira os principais trechos da entrevista:

Pioneiro: Por que a Perimetral Sul foi construída sem licenciamento ambiental?

Mauro Cirne: Quem tinha que ter feito isso na época não éramos nós. Era a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Isso, para

mim (a falta de licenciamento), é novidade. Para mim, a Perimetral tinha licenciamento. Pioneiro: Mas o senhor nunca se preocupou em verificar se a Perimetral tinha licenciamento antes de assinar a ordem de início das obras?

Cirne: Eu não tinha essa preocupação porque um biólogo da Secretaria do Meio Ambiente acompanhava tudo. Ele era o encarregado de cuidar do licenciamento.

Pioneiro: Mas não era a Seplam que coordenava as obras da Perimetral?

Cirne: Era uma equipe. Cada secretaria tinha uma função. Tinha um engenheiro, que cuidava mais da parte civil, que era da Seplam, tinha um que cuidava da parte ambiental, que era um biólogo da Secretaria do Meio Ambiente. Então cada um fazia a sua parte. E eu achava que tinha licenciamento. (Pioneiro, 21/09)

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