Brasil lidera ranking de projetos geradores de créditos de carbono
2005-09-21
Organizar a demanda de projetos de redução de emissões é o principal objetivo do Banco de Projetos do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, lançado na sede da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro na semana passada. Este é o primeiro passo para a implantação do pregão de créditos de carbono, o primeiro do gênero na América Latina.
Conforme o secretário do Desenvolvimento da Produção, Antonio Sérgio Martins Mello, além de mediar a negociação, o banco de projetos vai permitir também que empresas e instituições invistam em potenciais Mecanismos de Desenvolvimentos Limpo (MDL).
— Os projetos de MDL são importantes oportunidades para atração de investimentos externos, transferência de tecnologia, bem como a melhoria da gestão ambiental em atividades produtivas brasileiras. O Banco de Projetos contribuirá para dar maior visibilidade das oportunidades de projetos MDL no Brasil e facilitará aos promotores desses projetos o acesso ao mercado mundial – afirmou Mello.
Uma atualização inédita registrou 74 projetos em processo de validação na Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. Isso coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking dos países hospedeiros de projetos MDL, à frente inclusive da Índia (54 projetos em validação) e portador de 30% dos projetos globais.
Esse pioneirismo foi sinalizado pelo presidente da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, Edson Figueiredo Menezes, que afirmou que o Rio de Janeiro foi uma cidade muita bem escolhida para sediar o mercado de carbono e o pregão, devido ao seu histórico protagonismo nas questões ambientais.
O Banco de Projetos vai dar maior visibilidade aos projetos de MDL, facilitando o contato entre quem faz esse projetos e os potenciais investidores. Dessa forma os promotores de projetos MDL poderão levantar recursos no mercado para arcar com os custos de elaboração e validação. Além de viabilizar a realização de seus projetos, o Banco irá melhorar a posição de barganha na venda dos créditos de carbono.
O Banco também será um importante instrumento para aquisição de informações sobre as modalidades em que o Brasil tem vantagens comparativas e sobre quais os principais obstáculos para a oferta de projetos MDL brasileiros, orientando a formulação de políticas públicas voltadas para o aumento da participação brasileira no mercado global de créditos de carbono.
De acordo com o Banco Mundial, o Brasil respondeu por 12% do volume total de projetos MDL negociados no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004, e 13% do volume total negociado entre janeiro de 2004 e abril de 2005.
Embora não existam metas oficiais de aumento da participação brasileira em projetos MDL, estudo do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) estima que a demanda por créditos de emissões em 2012 seja de US$ 30 bilhões por ano e a futura participação brasileira alcance, no mínimo, 10% desse total.
Para o NAE, as principais oportunidades de projetos MDL estão nos setores de geração de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis, resíduos sólidos urbanos, eficiência energética, florestas e combustíveis líquidos renováveis. (ClicRBS, 19/09)