Embrapa lançará plano de agroenergia em outubro
2005-09-21
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançará um plano brasileiro de agroenergia no dia 14 de outubro, para incentivar o desenvolvimento dos biocombustíveis no País. Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, simultaneamente será criado o consórcio brasileiro de agroenergia, para reunir vários setores, como as indústrias de petróleo e automobilística. Em palestra no Rio, Rodrigues disse que o biodiesel é viável no Brasil, que tende a se tornar competitivo em nível mundial nessa fonte energética. O assunto foi discutido por especialistas em várias fases da cadeia de produção de combustíveis alternativos e a conclusão é que, ainda que o potencial do País seja grande na área, há grandes desafios a serem enfrentados.
A velocidade de implantação do B2 (mistura de 2% de biodiesel ao diesel) no País ainda é uma incógnita, disse o assessor da diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Luís Eduardo Duque Dutra. O início de obrigatoriedade da mistura, previsto para 2008, exigirá, segundo estimativas preliminares, a produção de 800 milhões de litros/ano do produto.
Segundo previsão de produtores, há capacidade de produção, até o fim do ano, de 400 milhões de litros anuais, mas Dutra considera o valor superestimado.
Outro desafio, destacado por Dutra e pelo engenheiro de Desenvolvimento da Bosch, Christian Wahnfried, é a qualidade do produto, o que dependerá de regulamentação e fiscalização.
Para Dutra, um dos cuidados necessários ao desenvolvimento do biodiesel no País é a preservação do objetivo social do projeto.
Segundo ele, é preciso evitar que a concentração que houve no mercado de álcool: 60% das indústrias de açúcar e álcool do País estão em São Paulo e só 300 usinas respondem por 55% da produção nacional.
Dutra avalia que, mesmo com o biodiesel em estágio inicial no País, já é possível antever que os desafios são enormes, por ser uma inovação tecnológica que traz à tona questões jurídicas (que laboratórios estão capacitados para garantir a qualidade do produto) e discussão sobre o custo econômico da produção, já que as estimativas variam de R$ 1,4/litro até R$ 4/litro.
Wahnfried acredita que a introdução do B5 (mistura de 5% de biodiesel ao diesel no Brasil) a partir de 2013, após a implantação do B2, aumenta a chance do projeto, por ocorrer em etapas.
A preocupação com o programa, diz ele, é que a variedade de oleaginosas para o biodiesel é grande (cerca de 40), dificultando o controle das características do produto, e a ´dimensão continental´ do País dificulta a agilidade e a distribuição. (O Estado de S. Paulo, 20/09)