Livro revela sabotagem russa em relação a material radioativo japonês
2005-09-21
O serviço secreto de informações da Rússia, a KGB, chegou a levar em conta a liberação de material radioativo na Baía de Tóquio, no final dos anos 60, na esperança de que tal ação pudesse ser imputada a submarinos norte-americanos, o que prejudicaria as relações entre os governos dos Estados Unidos e do Japão. A revelação está em um livro publicado na última segunda-feira (19/9) por um ex-arquivista da KGB.
O Arquivo Mitrokhin II, escrito por Vasili Mitrokhin, revela vários planos de sabotagem de oficiais da KGB para minar as relações entre Washington e Tóquio. O livro revela que ministros de Relações Exteriores, jornalistas e políticos da esquerda e da direita ajudaram a antiga União Soviética nos anos 60 e 70.
Mitrokhin foi oficial arquivista da KGB de 1948 a 1984. Ele assistiu a todo tipo de tráfico de influência do serviço de inteligência naquela época. O primeiro volume de seus relatos, em forma de arquivo, foi publicado em 1999. Mitrokhin morreu no ano passado. No novo livro, escrito em coautoria com o historiador Christopher Andrew, Mitrokhin revela que em 1969, oficiais da KGB em Tóquio chegaram a considerar um plano para liberar material radioativo na Baía de Tóquio, na expectativa de que submarinos dos Estados Unidos pudessem ser responsabilizados pelo ato. O incidente estava programado para ocorrer na base naval norte-americana de Yokosuka, na cidade de Kanagawa.
O plano, contudo, foi vetado por oficiais sêniores, que temiam ser difícil obter material radioativo. O livro também revela que agentes japoneses tinham planos de plantar uma bomba em um livro no Centro Cultural Americano em Tóquio, em outubro de 1965, a fim de realizarem protestos contra a Guerra do Vietnã. Outra revelação é que a KGB teria encorajado um protesto de estudantes japoneses contra o secretário de imprensa James Hagerty, do então presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower. Mais tarde, a viagem de Eisenhower ao Japão teria sido cancelada por motivos de segurança.
Além disto, Mitrokhin revela no livro que, em 1962, agentes prepararam a sabotagem das quatro maiores refinarias de petróleo do Japão, bem como de bases dos Estados Unidos em Okinawa. Conforme o livro, a KGB gerenciou iniciativas para colher informações tecnológicas de empresas japonesas, especialmente na área de computadores. (The Japan Times, 21/9)