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2005-09-20
Por Nara Hofmeister
A Redenção é um grande monumento de Porto Alegre. Há sete décadas tem o nome de Parque Farroupilha, mas sua história iniciou em 1807, quando os 67 hectares de várzea foram doados ao município para abrigar os rebanhos de abate para açougues dos arredores. De Campos da Várzea – o nome original –, virou Campos do Bom Fim, e, em 1884 recebeu a alcunha que carrega até hoje: Campos da Redenção, em homenagem à libertação dos escravos de Porto Alegre, quatro anos antes da proclamação da Lei Áurea. Parque Farroupilha, só em 1935, quando a urbanização definitiva aconteceu para abrigar as comemorações dos 100 anos da Revolução dos Farrapos.

Esse final de semana, as comemorações dos 70 anos da Redenção incluíram shows musicais, mostra fotográfica e projeção de filmes (confira a agenda abaixo). O prefeito em exercício, Eliseu Santos abriu oficialmente as comemorações no domingo às 11h, ao lado de Beto Moesch, secretário municipal de Meio Ambiente. Quem esteve presente pôde degustar uma fatia da torta de 70 metros, preparado especialmente para a comemoração.

Públicas ou pessoais, são muitas as histórias que a Redenção presenciou. Algumas estão imortalizadas nos 38 monumentos construídos no local, porém, uma parte dessa memória vem sendo apagada. Bustos e estátuas são sistematicamente atacados por quem quer vender o bronze, ou por aqueles que consideram uma diversão depredar o patrimônio público.

Quem circula pelo parque percebe que há vários monumentos sem identificação, pichados e outros que, de seu original, conservam apenas o pedestal. O resultado disso: os poucos que permanecem inteiros estão sendo recolhidos pela administração para evitar novas agressões. É o caso da fonte do roseiral, o Menino da Cornucópia.

Freqüentador do parque há mais de uma década, Luiz Carlos Félix resolveu tomar uma atitude contra esses ataques. Junto com os membros do Rotary Club Bom Fim iniciou em outubro o Projeto SOS Farroupilha. — Todos esses monumentos são doação da comunidade-, diz ele, que defende a reeducação dos freqüentadores como alternativa à conservação.

O projeto SOS Farroupilha agendou visitas às diversas entidades do bairro, como escolas e associações. O objetivo é abrir a discussão para a comunidade, provocar uma mobilização em torno de alternativas de conservação. — Estamos apenas lançando essa idéia, mas o projeto é da comunidade, é de lá que virão as repostas-, explica Félix.

O principal é estimular a cidadania, para que os freqüentadores trabalhem na conservação do local: — Queremos criar o hábito de cada pessoa ser um fiscal. Chamar a atenção, quando observar alguma coisa errada.

O projeto reacendeu também algumas das antigas queixas dos freqüentadores. O policiamento insuficiente é a principal: — À noite, a Redenção se torna terra de ninguém. Todas as tribos estão lá-,conta. O medo de assaltos, dos usuários de drogas e da prostituição praticada nas noites da Redenção afasta muitas pessoas do local, mesmo durante o dia. Os moradores de rua que usam o parque como abrigo também podem ser ameaças.

Seringas e preservativos usados são encontrados no chão com facilidade. Latas de alumínio, papel, canudos e muitos outros materiais diariamente ganham os campos da Redenção. O lixo, além de comprometer a beleza do parque, polui e pode prejudicar a saúde de quem anda por lá. Bastam alguns minutos de atenção para achá-los em quantidade.

Esse monitoramento foi sistematizado num projeto do Colégio Militar de Porto Alegre, que tem objetivos parecidos com o SOS Farroupilha. O Comandante da escola, Tenente Coronel de Cavalaria Piaggio, é o idealizador do Lugar e Ambiente. — Percebendo que nosso parque precisava de cuidados, resolvi envolver toda a comunidade do colégio nesse objetivo-. E foi o que aconteceu.

A partir de duas visitas de reconhecimento, a Redenção foi dividida em 35 áreas entregues para cada turma do colégio. Os alunos da 5ª série ao 3º ano, auxiliados pelos professores, fizeram um diagnóstico ambiental do lugar, recolhendo amostras de água e terra para análise e identificando os principais problemas de cada setor. O projeto culminou com uma ação no Dia do Soldado – 25 de agosto –, num mutirão de coleta de lixo que envolveu todos os membros do colégio.

Cada tipo de material recolhido recebeu uma pontuação equivalente ao tempo que demoraria a se degradar na natureza. Uma turma de terceiro ano obteve a maior contagem de pontos: com o material recolhido pela 303, a mãe-terra economizou trabalho por cerca de 10.500 anos. —Os frutos desse tipo de trabalho começarão a ser colhidos logo-, acredita, orgulhoso, o Comandante.

Assim com o SOS Farroupilha, o Lugar e Ambiente acredita na conscientização e exercício da cidadania como alternativa de preservação ao parque. O Supervisor escolar, Major Fenili, explica que a elaboração do projeto teve grande influência científica do geógrafo Milton Santos. O teórico acreditava na força do lugar, conta Fenili: —É uma idéia de que para cuidar do mundo, temos que cuidar do que está próximo. Na verdade, aqui está o mundo-, diz. O resultado da primeira edição do projeto foi apresentado no aniversário do parque, através de um aparelho multimídia instalado no Brique.

A intenção é de ampliar o alcance nos próximos anos, explica o Coronel Piaggio: — Queremos incluir as questões geográficas e históricas, por exemplo-. A literatura também será contemplada nas próximas edições do Lugar e Ambiente. A idéia é realizar oficinas de produção textual sobre o Parque Farroupilha.

O fórum está aberto e precisa da participação da sociedade. Na última semana, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou o requerimento para a realização de um plebiscito sobre o cercamento do Parque Farroupilha. Para a consulta popular ser confirmada, ainda serão necessárias mais duas votações, mas tudo indica que a população será consultada.

Os defensores da idéia citam exemplos como Ibirapuera, em São Paulo e os parques do Rio de Janeiro, que foram cercados. Felix, do SOS Farroupilha, lembra, no entanto, que o Central Park, em Nova Iorque nunca recebeu cercamento. O que leva apenas a uma conclusão: essa não é a única saída e, definitivamente, a melhor maneira de proteger nosso parque é a educação cidadã.

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