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2005-09-20
Representantes do governo da Coréia do Norte, envolvidos nas negociações sobre o programa nuclear do país, assinaram nesta segunda-feira (19/9) um acordo considerado histórico, estipulando o abandono de seu programa nuclear, o desenvolvimento de armas atômicas, e a permissão à inspeção internacional em suas instalações nucleares.

Logo após o estabelecimento do acordo, os Estados Unidos pediram também pelo fim das atividades no principal reator nuclear do país, como –um sinal de boa vontade– ante à validade do documento assinado.

De acordo com o comunicado oficial divulgado, a Coréia do Norte concordou em –abandonar todas as armas nucleares e programas existentes–, e voltar a fazer parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Em troca da assinatura, os norte-coreanos devem receber ajuda na produção de energia, e também suporte econômico. A decisão da Coréia do Norte termina com uma tensão entre esse país e os EUA que já durava mais de três anos.

A decisão aconteceu durante a quarta rodada de negociações entre os seis países [Coréia do Norte, Coréia do Sul, China, Estados Unidos, Rússia e Japão] que discutem a questão em Pequim, capital chinesa.

O acordo assinado nesta segunda-feira (19/9) é, por enquanto, preliminar. Ainda serão necessárias várias negociações sobre o texto do documento, que não determinou uma série de questões, como o tempo que será levado para ser aplicado e implementado. De acordo com o governo chinês --que organizou esse quarto encontro-- os representantes das delegações dos seis países devem se encontrar novamente em novembro próximo para fechar alguns pontos do acordo.

Negociadores disseram não esperar, porém, que os inspetores tenham acesso imediato às instalações nucleares norte-coreanas, e tampouco as autoridades vão forçar a inspeção a esses locais. Para o secretário-assistente do Departamento de Estado dos EUA, Christopher Hill, –a Coréia do Norte entrou voluntariamente no acordo– e, por isso, a permissão de inspeção deve partir das autoridades do país.

–Não estamos planejando ir até a Coréia do Norte e caçar instalações nucleares. Esperamos que elas sejam mostradas para nós, e logo–, afirmou Hill.

O chefe da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica --ligada à ONU], Mohamed El Baradei, disse esperar que os norte-coreanos permitam logo a reabertura de uma agência do órgão no país, que foi fechado em 2003.

Em outubro de 2002, os EUA anunciaram que a Coréia do Norte tinha retomado um programa de processamento de urânio enriquecido, material que pode ser usado na fabricação de armas atômicas. Esse procedimento estava proibido por um acordo assinado por ambos os países em 1994. Meses após a suspensão, em novembro de 2002, do abastecimento de petróleo à Coréia do Norte --incluído no acordo de 1994-- o governo norte-coreano anunciou sua retirada do Tratado de Não-proliferação Nuclear (TNP) e expulsou os especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em agosto de 2003, foram iniciadas as negociações entre os seis países, para tentar convencer a Coréia do Norte sobre a necessidade de abandonar o programa nuclear. Após três rodadas de conversações realizadas em Pequim sem muito êxito, a Coréia do Norte boicotou a quarta, que devia ter acontecido em setembro de 2004.

Em 10 de fevereiro último, o regime norte-coreano anunciou que já possuía armas atômicas e se retirava, indefinidamente, do processo negociador, ao menos até que os Estados Unidos abandonassem sua hostilidade em relação à Coréia do Norte.

Em julho passado, o país revolveu voltar à mesa de negociações para definir a questão sobre o seu programa nuclear. (FSP, 19/9)

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