Passeata encerra encontro sobre o cerrado em Montes Claros (MG)
2005-09-19
Uma moratória para o cerrado, com a suspensão de todos os desmatamentos até que sejam tomadas medidas mais rígidas para a proteção do bioma. Essa foi a principal proposta aprovada durante o 4º Encontro Nacional dos Povos do Cerrado, encerrado no sábado em Montes Claros, no Norte de Minas, que contou com a participação de representantes de nove estados em que há ocorrência desse tipo de vegetação. Os trabalhos foram iniciados quarta-feira, com oficinas e debates.
Na manhã de sábado, foi realizado o Grito do Cerrado. Ambientalistas, pequenos agricultores, estudantes e integrantes de organizações não-governamentais (ONGs) fizeram uma passeata pelas ruas da cidade, pedindo não somente a proteção do cerrado, mas também cuidados para conservação da biodiversdidade e dos recursos hídricos, para garantir a sobrevivência das futuras gerações. A passeata foi iniciada na Praça da Matriz e terminou no Mercado Municipal. Ao longo do trajeto, houve alguma paradas para apresentações musicais.
Durante o ato, foram expostos cartazes contrários à transposição do rio São Francisco. Também houve a leitura da Carta dos Povos do Cerrado, segundo a qual as populações tradicionais se encontram literalmente encurraladas pela apropriação das chapadas pelos latifúndios produtivos do agronegócio, que não só concentram poder e riqueza como desestabilizam os ciclos fluxos ecológicos que eram sustentados pela biodiversidade e pela função de caixa dágua exercida pelas chapadas.
De acordo com o diretor-técnico da ONG Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), Carlos Dayrell, um dos organizadores do evento, a conclusão dos participantes dos debates e discussões é de que a destruição do cerrado, atualmente, é muito maior do que se imaginava. Segundo ele, o bioma já desapareceu em Goiás e restam poucos remanescentes de vegetação nativa em Minas, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Piauí.
— Por isso, a principal bandeira das entidades após esse encontro será a moratória do cerrado. É preciso paralisar o processo de desmatamento do cerrado, até que sejam adotadas políticas públicas que garantam a preservação do bioma - afirmou Dayrell. Durante o encontro, também foi promovida a Feira Nacional dos Povos do Cerrado, com exposição de artesanato e venda de comidas típicas. (Estado de Minas, 18/09)