Lavagem de areia para limpar óleo em Icaraí - Niterói
2005-09-19
Depois de multados pelo desastre ambiental de derramamento de cerca de 14,1 mil litros de óleo na Baía de Guanabara, o Estaleiro Enavi/Renavi e a seguradora do navio Saga Mascot, de Nassau, nas Bahamas, contrataram uma empresa especializada em retirar, ou pelo menos tentar, o óleo que restou nas áreas das praias de Niterói.
Ontem, no primeiro dia de utilização da técnica, o secretário municipal de Meio Ambiente Jéfferson Martins visitou o trabalho de limpeza da Praia de Icaraí e garantiu que esta seria a única maneira de limpar a praia sem precisar remover a areia. A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) avaliou o serviço, mas, de acordo com o analista ambiental Carlos Eduardo Strauch, não é possível prever a total eficácia do trabalho.
A técnica é utilizada pela empresa Hidroclean e consiste em dois estágios de limpeza aos quais toda área atingida pelo óleo será submetida.
Na primeira etapa, a areia é peneirada manualmente pelos funcionários da empresa para retirada do óleo solidificado. Mesmo as áreas que não apresentarem manchas de óleo passarão pelo processo, porque o combustível pode não ser visto, mas é sentido pelo cheiro.
Na segunda fase, a areia que já foi peneirada passará por um tanque de água que será montado na praia com a ajuda de barreiras. O objetivo é que, depois de represada e escoada, a água permita que os resíduos de óleo fiquem presos às barreiras. No fim do processo, o óleo preso nas barreiras será retirado manualmente e levado para o pátio do Estaleiro Enavi/Renavi.
As areias da Praia de Icaraí, onde o óleo pode ser visto até um palmo abaixo da superfície, foram as primeiras escolhidas, depois de terem sido testadas pelos técnicos no domingo. O serviço está sendo supervisionado pelo biólogo marinho inglês Alex Hunt, contratado pela empresa responsável pelo seguro do navio.
Para o analista da Feema, é possível que depois da finalização dos serviços, que deve durar uma semana, alguma mancha de óleo possa ser encontrada na areia, porque existem áreas, principalmente próximo às pedras, onde o óleo não foi totalmente retirado.
— Essa foi a melhor atitude encontrada para minimizar o desastre. Mas se algum resíduo de óleo aparecer depois dessa limpeza, será normal, devido as proporções do acidente - explica.
Casco rompido
O vazamento dos 14, 1 mil litros de óleo aconteceu na madrugada do dia 3, depois que o navio Saga Mascot bateu em um dique do Estaleiro Enavi/Renavi, no Barreto, ao tentar atracar. Com a batida, o casco se rompeu, provocando a abertura de dois buracos.
O vazamento aconteceu por cerca de uma hora, até o esvaziamento do tanque. O acidente foi considerado mais um desastre ambiental que atingiu as praias de Icaraí, Piratininga, a Fortaleza de Santa Cruz, praias das Flechas, do Gragoatá, da Boa Viagem, Adão, Eva (ambas em Jurujuba), Centro, Ponta da Areia e o Forte do Rio Branco.
O Estaleiro Enavi/Renavi e a empresa responsável pelo navio Saga Mascot foram multados em R$ 32 milhões no total, sendo R$ 20 milhões a multa aplicada pelo Ibama e R$ 12 milhões, a multa aplicada pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), baseada no relatório final apresentado pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema).
A multa do Ibama é de R$ 10 milhões para a Saga Mascot e a mesma para o estaleiro. Já a da Ceca, é de R$ 10 milhões para empresa e R$ 2 milhões para o Estaleiro Enave/Renave.
Além do pagamento da multa, por determinação da justiça que concedeu liminar favorável à Procuradoria Geral do Estado, as empresas envolvidas no desastre deverão reparar os danos causados pelo acidente ao ecossistema. A proposta de reparação prevê a concessão de cesta básica e o pagamento de um salário mínimo para cada pescador ou catador de mariscos e mexilhões prejudicado. (O Fluminense, 17/09)