Exercícios melhoram qualidade de vida de intoxicados por mercúrio
2005-09-19
As pessoas intoxicadas por mercúrio, em geral, desenvolvem alguns sintomas
de ordem motora que as impedem de executar determinadas tarefas. Na busca de
auxílio para minimizar os problemas, o doente subestima a própria capacidade
física. Esta foi a conclusão a que chegou Fabrício Boscolo Del Vecchio ao
aplicar testes de avaliação da força muscular, coordenação motora e
equilíbrio em 47 intoxicados, em São Paulo. — Na maioria dos testes de
avaliação física, os resultados foram além das expectativas. Os contaminados
tiveram bom desempenho físico sem prejuízos significantes. Já nas respostas
do questionário de qualidade de vida (SF-36), constatou-se uma baixa
percepção da própria percepção individual da saúde-, explica Del Vecchio.
Formado em Educação Física pela Unicamp, Fabrício decidiu traçar um
diagnóstico das atividades físicas para pessoas intoxicadas com mercúrio e
identificar programas de exercícios adequados ao quadro apresentado.
Num primeiro momento, a dissertação de mestrado Qualidade de vida e
avaliação física em intoxicados por mercúrio: estudo observacional
transversal descritivo contempla projeto-piloto voltado especificamente
para os doentes. Para isso, contou com o apoio da Prefeitura de São Paulo
que disponibilizou uma praça na cidade para o desenvolvimento das
atividades. Em conjunto com a Universidade de São Paulo (Usp) e Universidade
Estadual Paulista (Unesp) e orientado pelo professor Aguinaldo Gonçalves,
Del Vecchio apurou que as atividades contribuíram positivamente para a
qualidade de vida do contaminado e aumentaram alguns indicadores de aptidão
física. — A atividade contribuiu para melhor o nível de socialização. Os
pacientes têm a tendência a se afastar do ambiente social e são facilmente
acometidos de depressão-, conta. Por outro lado, o projeto demonstrou que os
exercícios físicos devem ser descentralizados, e realizados em locais
próximos à residência da pessoa para não sofrer interrupções na
continuidade.
Outro fato curioso observado no estudo foi que a força muscular é um
elemento fundamental para a boa percepção da qualidade de vida. — Quanto
maior o rendimento alcançado nos fatores de força muscular, maiores os
resultados nos questionários de qualidade de vida-, esclarece. Desta forma,
a recomendação é que os programas direcionados para esta categoria priorizem
a força muscular. O questionário e as atividades físicas foram aplicados em
33 homens e 14 mulheres. Todos os analisados foram intoxicados no ambiente
urbano-industrial.
(Jornal da Unicamp, 18/09/2005)