Pyongyang ameaça aumentar arsenal nuclear se não receber reator
2005-09-19
A Coréia do Norte aumentará seu arsenal nuclear se não receber um reator atômico para uso civil e pacífico, ameaçou na última quinta-feira (15/9) a delegação norte-coreana que participa das negociações multilaterais em Pequim.
Fontes das partes que participam das negociações, citadas pela agência japonesa Kyodo, disseram que a delegação norte-coreana comunicou esta posição às representações da Coréia do Sul, Japão, China, Rússia e Estados Unidos.
Segundo as fontes citadas pela agência japonesa, a Coréia do Norte também reconheceu a seus interlocutores que está processando combustível nuclear para ser usado na produção de material destinado a armas atômicas.
Estas surpreendentes declarações surgem depois da estagnação da atual rodada de negociações a seis lados, que começou na capital chinesa na última terça-feira (13/9), com o objetivo de tentar convencer a Coréia do Norte a abandonar seu programa de produção de bombas nucleares.
A Coréia do Norte e os EUA bateram de frente na questão sobre se Pyongyang pode ter reatores nucleares para uso pacífico, depois que o regime desmantele as armas atômicas que possui e as usinas onde produziu material destinado a essas bombas.
Pyongyang exige o direito de ter usinas nucleares civis de uso pacífico, enquanto os Estados Unidos rejeitam esta possibilidade, porque teme que, mais à frente, Pyongyang possa reutilizar estas centrais para produzir urânio e plutônio destinado à construção de armas.
Segundo a agência Kyodo, o chefe da delegação norte-coreana, Kim Kye-gwan, disse aos representantes dos outros cinco países que a Coréia do Norte está processando o combustível nuclear procedente do reator experimental da central de Yongbyon, cerca de 90 quilômetros ao norte de Pyongyang.
Kim reconheceu que a Coréia do Norte retomou as operações desse reator de cinco megawatts, capaz de produzir a carga necessária para várias armas atômicas.
Segundo as fontes citadas pela Kyodo, as declarações do representante da Coréia do Norte nas negociações refletem a estratégia de Pyongyang de pressionar os Estados Unidos e o Japão para que aceitem a demanda norte-coreana de um reator de água leve.
A China, a Rússia e até a Coréia do Sul disseram que não vêem problemas em que a Coréia do Norte tenha este dispositivo de produção de energia inócua, se antes Pyongyang se comprometer a respeitar as cláusulas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
Outro diplomata que participa da negociação disse à agência japonesa que esta postura mostra que a Coréia do Norte não tem nenhuma intenção de chegar a um compromisso nas atuais conversas em Pequim. Se esta atitude continuar, esta rodada de diálogo estaria fadada ao fracasso, disseram as fontes.
–Não podemos descartar a possibilidade de que as conversas terminem mais cedo que o esperado–, acrescentou o diplomata citado pela agência sul-coreana Yonhap. (FSP, 18/9)