Argentina tinha planos de construir submarino nuclear
2005-09-19
Após a Guerra das Malvinas, em 1982, o titular da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA), vice-almirante Carlos Castro Madero, em forma reservada, pôs em ação a idéia de construir um submarino a propulsão nuclear como forma de eliminar a brecha tecnológica com relação à Grã-Bretanha, que lutou contra a Argentina pela posse das Malvinas ou Falkland. Durante a guerra, os submarinos argentinos convencionais que funcionam com um motor a diesel necesitavam sair à superfície a cada 12 horas para renovar o oxigênio. Em troca, os submarinos nucleares britânicos tinham como único limite para estarem submersos a paciência humana. Assim foi que afundaram o Belgrano e logo obrigaram a frota argentina a refugiar-se nos portos do continente.
O projeto de Castro Madero foi encarregado pelas Forças Armadas à INVAP, a mesma empresa que construiu o reator de investigação nuclear para a Ausrtália. O desenho do reator para o submarino esteve a cargo do físico Juan José Gil Gerbino. –Trabalhamos no desenho básico para colocar um reator compacto em um submarino como o San Juan–, recordou Gil Gerbino.
–Inclusive chegamos a trabalhar em um sistema de regeneração de oxigênio–, acrescentou o especialista em projeto de reatores.
Depois do retorno à democracia, –Raúl Alfonsín apoiou o plano do submarino a propulsão nuclear–, lembrou o ex-ministro de Defesa, Horácio Jaunarena. Este tipo de veículo submergível não está proibido por nenhum tratado internacional. Um submarino com mísseis nucleares é diferente.
O segundo ministro da Defesa de Alfonsín, Roque Carranza, chegou a propor ao Brasil a construção conjunta de um submarino nuclear com base na experiência da INVAP. Mas não houve acordo, e o Brasil segue hoje adiante com o projeto. Castro Madero, pouco antes de morrer, em 1991, em um livro intitulado Argentina e o Submarino de Propulsão Nuclear, Possibilidades e Dificuldades, calculou que o custo do protótipo seria de US$ 200 milhões frente aos US$ 120 que custava um submarino a diesel. Durante o governo do presidente Carlos Menem, contudo, o projeto foi sepultado. Atualmente, as Forças Armadas estudam projetos alemães para a construção de motores a hidrogênio. (Clarín, 18/9)