Periferia de Passo Fundo convive com esgoto a céu aberto
2005-09-16
O problema do esgoto não tratado em Passo Fundo tem dimensões amplas, assim como o tamanho da cidade, com seus inúmeros bairros e seus 180 mil habitantes. Passo Fundo possui apenas 34 km de rede coletora de esgoto e ainda não possui uma estação de tratamento. Estima-se que até abril de 2006 a ETE Araucária (Estação de Tratamento de Esgoto), localizada entre os bairros Valinhos e José Alexandre Zachia, as margens da BR 285 esteja concluída. A obra exige um investimento de R$ 6 milhões e irá tratar 20% do esgoto da cidade. Nos bairros a situação se agrava devido à presença mínima e às vezes nula de fossas sépticas que fazem ao menos o tratamento primário para que o esgoto cloacal não seja despejado diretamente nos rios e córregos da cidade, cada dia mais poluídos.
Santa Marta
Segundo a presidente da associação de moradores, Maria Helena Bertróglio, a maioria das moradias não possui fossa séptica e o esgoto, através da tubulação das ruas, vai diretamente para os rios. Maria Helena explica que alguns moradores fizeram uma ligação irregular para que o esgoto de suas residências pudesse escoar através da canalização das ruas, feita quando foram asfaltadas. Nas vias em que não há calçamento, o esgoto corre a céu aberto. —Tem muitas residências largando o esgoto nas ruas. Além disso, nós já comunicamos nossa necessidade à Prefeitura em relação aos poços negros, que já estão cheios e gerando problemas-, explica Maria.
Valinhos
No Valinhos, o presidente da associação de moradores, Sidnei dos Santos Ávila, analisa a situação como crítica. A maioria dos moradores não possui fossa séptica em suas residências e os que moram próximo às sangas liberam o esgoto diretamente nas suas águas, o que está gerando mal cheiro. Outra preocupação da comunidade do Valinhos é o odor também desagradável que deverá surgir com o funcionamento da ETE Araucária, que está sendo construída próxima ao bairro. —Existem várias indústrias e moradias ao redor da ETE, por isso estamos pedindo uma atenção especial da Corsan e do poder público municipal em relação a este problema-, pede Sidnei.
São Luiz Gonzaga
Nenhuma moradia no bairro São Luiz Gonzaga possui fossa séptica, de acordo com o presidente da sua associação, Selmo T. da Silveira. As ruas que foram asfaltadas não tiveram sua canalização concluída, o que gerou revolta em alguns moradores. Eles acabaram ingressando na justiça, exigindo as melhorias pelas quais pagaram, conforme o acordo feito na administração passada. O esgoto gerado no presídio está provocando mal cheiro porque é despejado e se encontra a céu aberto em um banhado próximo ao edifício. — Nós já mandamos até um ofício ao governo estadual reivindicando uma solução. Ficamos preocupados porque há muitas crianças que brincam por aquelas redondezas-, lamenta Selmo.
Leonardo Ilha
O presidente João Kurtz confirma a ausência de fossas sépticas no bairro. Apenas duas quadras são asfaltadas e, portanto somente essas possuem canalização. — A Corsan já esteve aqui a cerca de três anos atrás fazendo um levantamento, mas até agora tudo continua igual-, lembra João. (O Nacional, 15/9)