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2005-09-15
Nos dias 09 e 10 de setembro, lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estiveram reunidas em Barracão/RS para debater o fortalecimento da organização e possíveis ações buscando melhorar a grave situação social enfrentada pelas famílias atingidas por barragens.

Conforme o MAB, é na região sul, assim como na maioria dos estados brasileiros, que as empresas construtoras de barragens teriam adotado uma política de descaso com as famílias e de destruição das comunidades. Hoje, segundo militantes do movimento, existe uma grande revolta na população: para cada dez famílias atingidas, sendo que somente três recebem algum tipo de indenização. Atualmente, o MAB luta para impedir a expulsão de 264 famílias pelas empresas Companhia Paulista de Força e Luz/CPFL, Companhia Brasileira de Alumínio/CBA, Companhia Niquel Tocantins/CNT, CEEE e Celesc, construtoras da barragem de Campos/SC.

Anteriormente nesta região, a luta dos atingidos impediu que 250 famílias fossem retiradas na barragem de Barra Grande e 315 famílias na barragem de Machadinho. A luta garantiu a conquista de reassentamento em outras terras. Segundo André Sartori, liderança do MAB e agricultor sem terra, expulso pela barragem de Barra Grande, a família ao perder a terra, perde o trabalho, o sustento e a sua história de vida. - Não é justo que centenas de famílias percam seu trabalho e o seu sustento para a barragem enriquecer uma ou duas famílias de grande empresários que muitas vezes nem moram no Brasil. Nossa luta é pela vida, por isso estou no MAB-, afirma.

Apesar dos pequenos avanços obtidos nas negociação com o governo federal que permitiram o acesso à alguns programas governamentais, o MAB entende que a sua principal reivindicação não foi atendida. - É preciso dar um basta na corrupção existente na construção das barragens, há denúncias sérias de corrupção nas privatizações do setor elétrico, há provas de falsificação nos Estudos de Impacto Ambiental-EIA, como a que ocorreu na barragem de Barra Grande; o preço da energia elétrica é abusivo; as barragens expulsam centenas de famílias das suas terras, o meio ambiente está sendo destruído; e as empresas continuam mentindo para a população, pois vendem a ilusão do desenvolvimento, mas esquecem de alertar sobre os inúmeros problemas causados pelas obras-, denuncia Gilberto Cervinski, liderança do MAB que continua afirmando que o que ocorre na construção de barragens é igual ao que ocorre na economia brasileira: - Tudo é pensado para favorecer e aumentar o lucro dos grandes empresários, mesmo que isto ocorra através do aumento da exploração da população mais pobre deste país-, conclui.

Encontro de Barracão
A definição do encontro em Barracão é de que em cada município dos três estados onde as barragens foram ou estão sendo implantadas, serão realizadas assembléias para que os atingidos discutam coletivamente as soluções para todos os problemas enfrentados. Este processo deve desencadear em uma longa jornada de lutas pela garantia dos direitos das populações atingidas e pela melhoria de vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras do país. - Queremos aproveitar este momento onde em todo país se fala em corrupção para denunciar as fraudes e os crimes sociais e ambientais cometidos pelos grandes grupos econômicos na construção de barragens-, diz Gilberto.

Os roteiros de assembléias municipais iniciaram ainda na semana passada. Na última sexta-feira, dia 09, foi realizada uma assembléia com 400 atingidos pela barragem de Campos Novos, também aconteceram roteiros nas barragens de Machadinho, Itá, Barra Grande e Foz do Chapecó. Durante esta semana os roteiros devem continuar, e as assembléias com os atingidos por cada uma das obras devem acontecer na próxima semana, mobilizando toda a região sul.

- A avaliação é que devemos aproveitar esse momento para denunciar todos os casos de corrupção e de fraudes que existem nas barragens em nossa região-, dizem as lideranças. - Não podemos deixar que empresas como o Bradesco, a Votorantin e a Camargo Correa destruam nossas comunidades e se apropriem de nossas terras, acabando com a vida de milhares de famílias em nome do lucro-, prometem.

As liderança do MAB prometem desmascarar essas empresas e deixar um recado dizendo que a população atingida não vai mais permitir que sejam cometidas tantas injustiças e tantas fraudes. A constatação geral foi de que em todos os locais onde são construídas, as barragens causam enormes problemas sociais e ambientais. Outra questão foi a de que em todos os locais onde a população se organizou, os direitos foram garantidos, e onde o povo ficou esperando, não teve direito a nada. (Com informações do MAB)

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