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2005-09-15
Mais de 1,5 mil pessoas concentraram-se em Sesimbra, no início desta semana, em solidariedade com a luta dos pescadores locais, que voltaram a bloquear o porto de pesca como forma de protesto contra o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida. Os pescadores, que exigem a revogação das restrições à atividade de pesca no Parque Marinho integrado naquele Parque Natural, iniciaram ontem, por volta das 6h (horário local), um bloqueio de seis horas do porto de pesca. –Até agora só levantamos o bloqueio para dar entrada a um arrastão com uma avaria–, disse João Narciso, da União das Associações de Pesca do Porto de Sesimbra, congratulando-se com a forma ordeira da ação de protesto.

O porta-voz do Fórum Sesimbra, que integra mais de vinte instituições e coletividades do conselho, João Lopes, também elogiou a adesão da população de Sesimbra ao protesto dos pescadores. No entanto, não escondeu o receio de que possa haver –interesses econômicos muito fortes– por detrás das restrições no regulamento do Parque Marinho Luís Saldanha, que integra o Parque Natural da Arrábida.

–Numa reunião que tivemos há cerca de dois meses, o presidente da Assembléia da República, Jaime Gama, disse-nos, sem especificar a quem se referia, que queriam fazer do Parque Marinho Luís Saldanha um jardim zoológico, disse João Lopes. Em Sesimbra vai ganhando forma a idéia de que o conselho está sendo indiretamente penalizado pelo investimento do Grupo Sonae na Península de Tróia.

O presidente do Clube Naval de Sesimbra, Lino Correia, afirma que –Sesimbra está pagando a fatura de Tróia– e garante que o novo plano de ordenamento não só vai prejudicar os pescadores como também vai acabar com muitos postos de trabalho na naútica de recreio e em toda a atividade econômica do conselho.

Por outro lado, o dirigente do Clube Naval acredita que as maiores ameaças para a biodiversidade do Parque Marinho resultam da poluição provocada por muitas empresas situadas na margem direita do rio Sado e pela passagem de petroleiros com tinturas anti-vegetativas (para a proteção do casco) e não da atividade dos pescadores de Sesimbra.

O governo não acolheu até agora nenhuma das reivindicações dos pescadores, que exigem a revogação das restrições à actividade piscatória no Parque Marinho e que já têm a garantia de uma reunião com os secretários Estado do Ambiente e das Pescas, ainda sem data marcada. –Nessa reunião, vamos tentar demonstrar uma vez mais que a pesca não põe em causa a biodiversidade do Parque Marinho–, disse João Lopes. (Ecosfera, 14/9)

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