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2005-09-14
Nos últimos 150 anos, o petróleo tem sido extraído ininterruptamente e consumido de modo desenfreado, mas este panorama está prestes a mudar. Com o preço alto (US$ 70 o barril, o triplo do valor em 2001) e sem perspectivas de baixa acentuada, devido principalmente ao excesso de demanda (em especial, por parte dos EUA, que consomem 25% da produção mundial), aliado à proximidade da decadência da extração, prevista para cerca de 20 anos, a cada dia o mundo se vê obrigado a repensar sua política energética.

A necessidade de diminuir a dependência de combustíveis derivados do petróleo não se deve apenas ao inevitável colapso de sua produção e comercialização, num mundo em que países em desenvolvimento bastante populosos, como a China, a Índia e mesmo o Brasil, devem ser responsáveis por 75% do crescimento da demanda nos próximos cinco anos. As conseqüências nefastas do aquecimento global, em grande parte causado pelos gases emitidos pelos veículos movidos a gasolina, diesel e gás natural, também exigem mudança.

Quando percebemos que quem mais sai perdendo com a atual configuração deste mercado são os consumidores, que sofreram aumento de cerca de 20% dos preços desde o início do ano, e que quem sai ganhando são apenas os países produtores e os mais industrializados (que chegam a cobrar taxas de cerca de 80% do preço de um litro), as companhias petroleiras e que vendem produtos e serviços derivados do petróleo e os especuladores, fica ainda mais evidente que a situação atual é insustentável.

O Brasil tem se destacado por sua política de incentivo ao biodiesel (produto que tem seus prós e contras), mas é também preciso investir em recursos absolutamente renováveis, como a energia eólica e solar, de forma que sejam acessíveis em larga escala, com preços baixos. Diminuir a demanda e a dependência do petróleo é um ato de consumo consciente; evite usar seu carro desnecessariamente, dê preferência ao transporte público e a modos mais sustentáveis de transporte. (Instituto Akatu/Le Monde, 13/9)

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