A empresa Brasil Biodiesel Comércio e Indústria de Óleos Vegetais anunciou investimentos de pelo menos R$30 milhões na Bahia, até julho de 2006. A companhia pretende implantar, em uma primeira etapa, duas usinas esmagadoras de mamona e uma outra de produção de biodiesel, que causarão impacto não apenas na economia do estado, mas na vida de mais de 30 mil famílias rurais, que fornecerão a matéria-prima. Buscando garantir a logística do fornecimento e também o aumento da produção de oleaginosas, foi assinado, ontem, um protocolo de intenções com o governo do estado. Na Governadoria, além do governador Paulo Souto, estavam presentes secretários de estado e o diretor-presidente da empresa, Nelson Silveira.

— Ainda estamos estudando o local onde as unidades deverão ser implantadas, levando em conta áreas potenciais de produção da mamona - afirmou Silveira. Ele disse que os planos da Brasil Biodiesel indicam investimentos de mais de R$250 milhões no Nordeste, até 2008.

Neste ano, somente na Bahia, a empresa espera contar com a parceria de mais de 60 mil famílias rurais. O executivo destacou que, além das vertentes agrícola e industrial, o projeto tem forte impacto na área de logística, diante do transporte da matéria-prima, o que mobilizará centenas de caminhoneiros.

A Bahia é o maior produtor nacional de mamona, com mais de 90% do volume produzido no país. De acordo com o secretário estadual de Agricultura, Pedro Barbosa, este ano devem ser colhidos cerca de 170 mil toneladas, 20% a mais que na safra passada.

— Isto já é um reflexo da expectativa criada com o biodiesel - disse. Mas, segundo ele, o momento exige cautela, pois o preço da saca, que chegou a R$54 no ano passado, já registra queda para até R$28. O secretário explicou que é necessário que o aumento da produção aconteça de forma casada com a implantação dos empreendimentos industriais.

O Programa Nacional de Biodiesel permitirá a introdução de 2% do biocombustível no diesel de petróleo. O Brasil, segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), utiliza 37 bilhões de litros de óleo diesel por ano, o que resultaria em uma demanda de pelo menos 740 milhões de litros de biocombustível no país. O governador Paulo Souto destacou o impacto não apenas econômico, mas também social do programa, que deve gerar renda para milhares de famílias, sobretudo no semi-árido. Segundo ele, a Bahia, além de já ser o maior produtor de mamona do Brasil, tem condições de incrementar, rapidamente, o volume produzido.

— O programa tem todas as condições para obter êxito, e vamos avançar de forma organizada e sustentada - declarou Souto. (Correio da Bahia, 09/09)