(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-09-09
Praticidade, eficiência e maior lucratividade foram as vantagens anunciadas pela Monsanto para atrair muitos sojicultores a consumirem sua soja transgênica Roundup Ready (RR), uma variedade resistente ao herbicida glifosato - que também é produzido pela empresa. Entretanto, pesquisadores do Rio Grande do Sul têm demonstrado que a compreensão incorreta desta nova tecnologia causa prejuízos aos agricultores e poderá ficar comprometida em poucos anos.

— O glifosato dá a falsa sensação de que pode tudo, mas não pode não. A soja transgênica não dispensa o manejo de ervas daninhas resistentes e tolerantes e o acompanhamento profissional adequado - alerta Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, que avaliou em seu doutorado o impacto do glifosato nos sistemas agrícolas.

O uso da soja transgênica foi motivado pelos problemas que surgiram com a soja convencional. Alguns agricultores enfrentaram a infestação de pragas em suas culturas por usarem inadequadamente herbicidas e não realizarem as práticas de manejo necessárias. Ervas como o leiteiro, picão-preto e amedoim-bravo tornaram-se resistentes aos herbicidas que inibiam a enzima ALS – relacionada ao processo de crescimento das plantas - e passaram a exigir a utilização de herbicidas com mecanismos de ação diferentes para seu controle efetivo. O custo do controle das infestações de plantas daninhas tornou-se impraticável e os agricultores encontraram a salvação das lavouras na tecnologia da soja RR.

Em 1999, Gazziero, que já conhecia as alterações que podem ocorrer na dinâmica de ervas daninhas com o uso de herbicidas, iniciou um estudo com o objetivo de antever os problemas que os agricultores poderiam enfrentar com a soja RR. Suas principais preocupações eram se o glifosato realmente liquidaria todas as ervas daninhas, o que aconteceria se surgissem ervas daninhas resistentes e se os conceitos de manejo integrado seriam desnecessários para a cultura geneticamente modificada.

O pesquisador partiu do princípio de que uma mesma prática, realizada durante muito tempo, resulta sempre em respostas da natureza que precisam ser analisadas com cautela para evitar perdas para o agricultor e comprometer as novas tecnologias desenvolvidas.

— Minha conclusão foi óbvia: os conceitos de manejo que usávamos para a soja convencional continuam válidos [para a variedade transgênica]. O glifosato é um meio, não o fim de todos os problemas. As vantagens da tecnologia da soja transgênica só serão mantidas se o manejo for feito adequadamente - diz Gazziero. Assim, o agricultor precisa ter um cuidado com as ervas daninhas resistentes e tolerantes ao glifosato, para que não se repitam os problemas que aconteceram em algumas propriedades com a soja convencional.

O surgimento de plantas resistentes ao glifosato acontece porque o herbicida não elimina todos os indivíduos de certas espécies, apenas os mais suscetíveis. Gradativamente os mais resistentes são selecionados e surgem as chamadas super-ervas daninhas, de difícil controle. Já existem casos conhecidos nacional e internacionalmente de resistência ao glifosato, como acontece com a buva, o capim-pé-de-galinha e o azevém.

— A resistência é um problema potencial e precisamos nos preocupar com ele, mas também temos que estar atentos para as ervas daninhas tolerantes - ressalta Gazziero, referindo-se às plantas que não morrem pela ação do herbicida da Monsanto. A trapoeraba, por exemplo, muito comum em todo o Brasil e que infesta mais de 80% das propriedades com plantio de soja, não é eliminada pelo glifosato.

Para evitar os problemas de pressão de ervas daninhas nos cultivares de soja RR e minimizar as perdas, o pesquisador da Embrapa recomenda que o agricultor faça o manejo adequado: a soja não deve ser plantada em meio às ervas daninhas; as operações de dessecação (fase anterior ao plantio, quando são aplicados herbicidas ou misturas visando eliminar plantas invasoras) precisam continuar sendo feitas; não se deve economizar nas aplicações; e é preciso estar atento aos momentos de aplicação do herbicida.

— As vantagens advindas da praticidade e eficiência em controlar plantas daninhas e o baixo custo do controle na soja RR, gradativamente, estão sendo perdidas devida a equívocos de controle adotados, podendo reduzir o tempo de permanência dessa tecnologia no campo - conclui Mário Antônio Bianquil, pesquisador da Fundação Centro de Pesquisa Fecotrigo (fundacep), a partir dos levantamentos realizados junto aos departamentos técnicos de 24 cooperativas agrícolas do nordeste do Rio Grande do Sul, na safra 2003/04.

Bianquil relata vários casos de usos inadequados da tecnologia que geraram perdas de, aproximadamente, seis sacas de soja por hectare. Ele explica que a economia gerada pela adoção da soja RR foi transferida para a aquisição de fungicidas, inseticidas e de produtos sem resultados comprovados na cultura como, por exemplo, os adubos folhares, resultando numa pequena alteração do custo final de produção e da rentabilidade da cultura RR em relação à convencional.

Segundo o pesquisador, os prejuízos pela falta de adaptação dos cultivares RR argentinos foram encobertos pelas facilidades resultantes da adoção da tecnologia de soja transgênica; pela super-safra ocorrida em 2002/03; pelos elevados preços da oleaginosa na safra seguinte; e pela notoriedade obtida pelo sojicultor gaúcho em ser pioneiro no uso de soja RR. (ComCiência, 06/09)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -