Moradores e ambientalistas protestam contra resorts na APA de Marapendi (RJ)
2005-09-06
Cerca de 200 pessoas, entre moradores, representantes de associações de moradores e políticos, fizeram manifestação ontem na Barra contra a lei que permite a construção de eco-resorts na Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque de Marapendi. A presidente da Associação de Moradores da Orla da Lagoa (Amol), Luci Augusta de Carvalho, teme que a área se transforme numa Copacabana:
— Se começarmos a ceder agora, daqui a dez anos essa região terá apenas comércio.
De acordo com a lei complementar, ainda não promulgada, é permitida a construção de cinco hotéis em dois eco-resorts entre Barra e Recreio, numa faixa contígua entre a lagoa e o mar.
Ambientalistas pedem debate, mas temem discussão sem fim
Uma das organizadoras do protesto, a diretora da Eco Marapendi, Vera Chevalier, recolheu assinaturas para um abaixo-assinado contra a lei que será enviado ao prefeito Cesar Maia e ao Ministério Público.
— Não houve estudo de impacto ambiental na área antes de a lei ser votada - disse Vera, reclamando ainda da falta de audiências públicas sobre o tema.
O presidente da Comissão de Obras da Assembléia Legislativa, deputado André do PV, solicitará à Mesa Diretora que entre na Justiça argüindo a inconstitucionalidade da lei.
— Toda unidade de conservação precisa ter um conselho gestor para discutir o que pode ser feito na área - explicou.
A especulação imobiliária na região sem contrapartida para o município foi outro ponto questionado. O secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, disse que o aumento da Área Total Edificada (ATE) de 15% para 30% cria um padrão de ocupação muito alto para a área e aumentará o valor da região:
— A valorização dessa área deveria ser canalizada para interesses públicos.
No sábado, a vereadora Aspásia Camargo, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara; o professor David Zee, do Departamento de Oceanografia da Uerj; e o empresário José Leão participaram na rádio CBN de um debate sobre o projeto de construção de resorts na APA de Marapendi .
Eles concordam que é necessário ouvir a sociedade. Mas temem que o assunto gere discussões intermináveis, como a da construção do emissário submarino, enquanto o mar e as lagoas continuam se degradando. (O Globo, 05/09)