Programa Nuclear prevê investimentos de US$ 13 bilhões até 2012 e conclusão de Angra 3
2005-09-06
A revisão do Programa Nuclear Brasileiro já está pronta e na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O novo programa prevê investimentos da ordem de US$ 13 bilhões até 2022 e a construção da usina Angra 3, além de outras duas unidades nucleares de grande porte e quatro de pequeno porte.
A informação foi dada ontem (5), no Rio, pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Oldair Gonçalves. Ele esclareceu à Agência Brasil que a conclusão da usina Angra 3 é o primeiro passo recomendado pela Comissão Interministerial que revisou o programa.
— A comissão não só concluiu pela necessidade de construir Angra 3. Ela vai além e recomenda a construção paulatina de outras usinas nucleares - informou Oldair Gonçalves.
— Na sua definição mais ambiciosa, prevê a construção de mais duas grandes usinas, além de mais quatro de pequeno porte. O programa todo envolve 17 anos, vai até 2022, período em que deverão ser investidos US$ 13 bilhões.
A revisão do Programa Nuclear Brasileiro prevê o aumento de 3,7 para 5% da participação da energia nuclear no volume total de energia produzida no país.
Segundo Gonçalves, o texto já foi aprovado pela Comissão e agora depende dos ministros e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que seja implementado. Inicialmente, o projeto foi avaliado e debatido pelos agentes nucleares envolvidos no projeto.
— Em uma segunda fase, representantes dos ministérios acrescidos dos que não dizem respeito ao setor, como o Planejamento, a Casa Civil e a Fazenda também fizeram parte das discussões - explicou Gonçalves.
O presidente da Comissão afirma que, após concluída a segunda parte do processo, o texto foi submetido aos ministros e ao presidente da República.
— Agora é uma questão dos ministros convergirem em alguns pontos e juntos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva darem o aval para a sua implementação - diz.
Atualmente, o Brasil possui duas unidades nucleares em operação. As usinas Angra 1 e 2, ambas com tecnologia alemã. Elas operam em Angra dos Reis - balneário localizado no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Angra 1 possui atualmente cerca de 520 megawatts de potência. Angra 2, por sua vez, chega a 1080 megawatts.
As declarações do presidente da Comissão foram dadas na sede das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), durante solenidade em que o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, empossou o engenheiro nuclear Roberto Garcia Esteves na presidência do órgão.
Fábrica de enriquecimento de urânio de Resende será aberta em 2006, anuncia ministro
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, informou ontem (5) que a inauguração da Fábrica de Enriquecimento de Urânio em Resende (RJ), na região do Médio Paraíba, só deverá ser ocorrer no ano que vem.
Durante a solenidade de posse de Roberto Garcia Esteves na presidência da Indústria Nucleares Brasileira (INB), o ministro admitiu que a fábrica já deveria estar em operação.
— Imaginávamos que, a esta altura, já estaríamos com algumas das etapas de enriquecimento do urânio operando e, na verdade, a fábrica ainda está em fase efetivação de concessão e de testes. A inauguração vai ficar mesmo para o ano que vem - informou.
Ele destacou, porém, que hoje o Brasil é reconhecido em todo o mundo como um dos poucos países com capacidade para enriquecer urânio com o percentual necessário para ser utilizado em usinas de energia nuclear. O país gasta, atualmente, cerca de US$ 15 milhões por ano na importação de urânio enriquecido. Até o final deste ano, deverá ser obtida a autorização definitiva para enriquecer urânio, podendo até, em um prazo de dez anos, vir a se tornar exportador do produto em sua forma enriquecida, informou Rezende.
O ministro negou que o governo esteja paralisado: — Ao contrário do que certos órgãos de imprensa dão a entender, o governo está funcionando. O presidente está viajando muito para inaugurar obras que foram iniciadas e estão sendo concluídas, e as discussões de temas importantes estão sendo implementadas - garantiu.
Quatro eixos básicos, acrescentou, terão prioridade do governo federal: a expansão e a consolidação do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, aí incluída a continuação da Fundação de Recursos Humanos; a recuperação da infra-estrutura das universidades; a modernização dos institutos tecnológicos, que também é uma medida da política industrial, e a consolidação da política de ciência e tecnologia.
Brasil pode retomar programa de energia nuclear ainda este ano
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Oldair Gonçalves, disse ontem (5) que há chances concretas de que a revisão do Programa Nuclear Brasileiro seja aprovada ainda este ano. — O ministro Sergio Rezende abraçou a causa e o governo já percebeu que ele não pode parar um programa que é estratégico para o país - afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
O ministro Sergio Rezende, confirmou, durante a cerimônia de posse do presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Roberto Garcia Esteves, que o governo pretende retomar ainda este ano as discussões sobre o programa de energia nuclear:
— Eu comentei o assunto em reunião ministerial recente com o presidente Lula e ele concordou que o tema é importante e estratégico para o país.
O ministro da Ciência e Tecnologia lembrou que o presidente encontrou o Brasil com uma doença grave, referindo-se à situação macroeconômica do país em 2002. — E quando a gente tem uma doença grave é preciso tomar o remédio - afirmou.
Essa situação, segundo ele, teria gerado dificuldades para realizar as obras que estavam previstas. De acordo com Rezende, foi esse remédio amargo da estabilização econômica que postergou os investimentos, entre os quais no programa nuclear.
— Mas a discussão será retomada brevemente. Desprezar esta tecnologia seria um erro histórico muito grande. Por isso vamos concluir a discussão que vai definir a área nuclear como estratégica para o país. A decisão sobre Angra 3 e outras usinas faz parte do Programa Nuclear Brasileiro, que eu espero que seja aprovado ainda este ano - afirmou o ministro.
Atualmente, o Brasil possui duas unidades nucleares em operação. As usinas Angra 1 e 2, ambas com tecnologia alemã. Elas operam em Angra dos Reis - balneário localizado no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Angra 1 possui atualmente cerca de 520 megawatts de potência. Angra 2, por sua vez, chega a 1080 megawatts. (Radiobras, 05/09, JC, 6/9)