Na Europa, o controle das enchentes tem alta tecnologia
2005-09-06
Em uma noite fria do inverno de 1953, a Holanda sofreu um terrível abalo: seus velhos diques e muros de contenção contra as cheias foram abaixo em um forte temporal. A enchente então matou cerca de duas mil pessoas e forçou a evacuação de outras 70 mil. As águas geladas transformaram as cidadezinhas e os distritos agrícolas em lagos cheios de vacas mortas.
Mais recentemente, as águas destruíram mais de quatro mil construções. Após isto, a Holanda, percebendo que o desastre poderia ser muito pior, atingindo metade do país, incluiu Roterdã e Amsterdã em suas medidas de proteção. Segundo o oficial do serviço de obras públicas holandês, Tjalle de Haan, –aqui, se alguma dá errado, 10 milhões de pessoas podem ser ameaçadas.
Ao custo de cerca de US$ 8 bilhões em meio século, a nação erigiu um sistema futurista de defesa costeira que passou a ser admirado em todo o mundo como uma das melhores barreiras contra a fúria do mar, as quais poderiam conter tipos de tormentas que acontecem uma vez a cada dez mil anos.
O caso da Holanda é um dos muitos nos quais cidades abaixo do nível do mar e até mesmo países contornaram histórias de enchentes e transformaram seus pesadelos em ciência, tecnologia e determinação. A cidade de Londres também construiu comportas no Rio Tâmisa. Veneza fez o mesmo no Mar Adriático. O Japão está construindo superdiques. E mesmo Bangladesh erigiu abrigos de emergência para as vítimas de enchentes.
Especialistas dos Estados Unidos afirmam que os projetos estrangeiros estão servindo de inspiração para a reconstrução de Nova Orleans após a passagem do furacão Katrina, há pouco mais de uma semana.–Eles têm algo a nos ensinar–disse George Z. Voyiadjis, líder ambiental e engenheiro civil da Universidade do Estado de Louisiana. (NY Times, 6/9)