Moradores de Lomas, Argentina, denunciam elevação irregular do lençol freático
2005-09-02
Há uns anos, no seu jardim, María Papaleo tinha uma figueira, um pessegueiro e uma árvore de nésperas. Hoje, quase em desespero, diz que está pensando em plantar arroz. É que os fundos de sua casa, sobre a Rua Províncias Unidas, em Lomas de Zamora, está completamente inundado. E não por chuvas, mas pela subida do lençol freático.
María é um dos cerca de cem habitantes de Lomas de Zamora, Lanús, Almirante Brown e Esteban Echeverría que apresentaram denúncia penal contra a Águas Argentinas por considerá-la responsável pela subida na capa. A denúncia entrou em juízo criminal e correcional sob número 2 na corte de Lomas de Zamora, a cargo do juiz Carlos Ferreiro Pella, que a remeteu para a Justiça Federal de Buenos Aires.
–Os problemas começaram com a concessão, quando a Águas Argentinas começou a extrair água do Rio da Prata e não do Puelche, como fazia a estatal Obras Sanitárias anteriormente, explica Osvaldo Bassano, presidente da Asociação de Defesa dos Direitos dos Usuários e Consumidores, ONG que acompanhou os moradores na denúncia. Eles pedem que a Justiça investigue se a empresa cometeu os delitos de arruinar e envenenar as águas. Querem saber também se os encarregados de controlar a concessão incorreram no não cumprimento de deveres de funcionários públicos.
Bassano denuncia que, ao estender o serviço de água corrente na zona, a empresa obstruiu os poços de água potável: –O Rio Puelche começou a subir, as pessoas deixaram de extrair água dali, por isto subiu a capa freática, explicou.
Ouvidos pelo jornal Clarín, os porta-vozes da Águas Argentinas disseram não estar notificados da denúncia e negaram ter responsabilidade na elevação da capa.: –Fechamos os poços de água que existiam antes da concessão porque estavam contaminados com nitrato. A capa freática sobe por razões naturais e mudanças do ecossistema que não têm nada a ver com que agora se capte água do Rio da Prata, asseguraram. Já a entidade encarregada da concessão, o ETOSS, preferiu não fazer declarações até receber a notificação judicial. (Clarín, 31/8)