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2005-09-01
O governo brasileiro deverá começar desenvolver, em cinco meses, um projeto específico para estimular a produção de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar, afirmou nesta quarta-feira o coordenador da área de energias renováveis do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Eduardo Soriano. Atualmente, o país conta com ações direcionadas à produção do biodiesel e do hidrogênio, mas não há um programa nacional especial para a biomassa.

O projeto deve ser financiado por recursos de fundos setoriais do Ministério de Minas e Energia repassados ao MCT. No entanto, o montante a ser aplicado ainda não foi definido, afirmou Soriano no seminário Alternativas Energéticas a Partir da Cana-de-Açúcar, que começou nesta quarta e termina na quinta-feira, em Piracicaba.

Segundo o coordenador, as diretrizes do programa poderão ser em parte baseadas em estudos desenvolvidos pelo projeto Geração de Energia Elétrica por Biomassa, Bagaço de Cana-de-Açúcar e Resíduos, elaborado pelo GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial) em parceria com o PNUD.

As iniciativas de uso da biomassa ainda não trouxeram reflexos tão expressivos na produção de energia, segundo Soriano, mas em compensação promoveram um aprimoramento da cadeia produtiva.

— As pesquisas trouxeram muitos resultados no desenvolvimento de máquinas, das variedades de cana que foram criadas e um melhor manejo das culturas. É necessário perceber os benefícios que vieram além da produção da energia -, explica.

Um dos principais assuntos abordados no seminário foi a gaseificação, ou seja, a transformação do bagaço de cana em gás combustível — um processo que gera mais energia, se comparado ao sistema a vapor. Soriano contou que, em viagem à China, conheceu um trabalho em que cerca de mil famílias recebem gás encanado gerado pela queima de sabugo de milho — um projeto simples que está gerando bons resultados.

Já que os projetos de geração de energia por biomassa são aparentemente simples, por que não são utilizados de uma maneira mais ousada no Brasil?

— Uma coisa é descobrir uma nova forma de produção de gás. Outra é fazer um combustível eficiente e que não polua o meio ambiente. O desafio é fazer a produção em larga escala -, pondera o coordenador de energia renováveis do MCT. (PNUD Brasil, 31/08)

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