Pesquisadores descobrem espécies raras na região de Iratapuru (AM)
2005-09-01
De novembro de 2004 a agosto de 2005, uma equipe de pesquisadores deixou a rotina da cidade, determinada a cumprir importantes missões científicas na selva. Partiu rumo à Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, no Amapá, disposta a enfrentar as dificuldades da floresta para descobrir a riqueza de uma região pouco estudada. Por semanas seguidas, o grupo se deparou com rios encachoeirados, períodos de seca ou chuva intensa, acampamentos improvisados, animais venenosos e o desconforto trazido pela ausência de água encanada e energia elétrica.
Graças ao árduo trabalho de 25 pessoas, entre pesquisadores e equipe de apoio, em menos de um ano três expedições científicas foram realizadas na RDS do Rio Iratapuru, área considerada de altíssima prioridade para a conservação da biodiversidade no estado do Amapá. Entre as centenas de espécies registradas pelos pesquisadores durante as três expedições, destaca-se a ocorrência de vários animais nunca antes registrados no Amapá, bem como o encontro de espécies raras para a ciência ou ameaçadas de extinção.
Dois exemplos são a redescoberta do pequeno lagarto Amapasaurus tetradactylus, que há 35 anos não era registrado por nenhum cientista, e a coleta do sapo venenoso Atelopus spumarius, somente encontrado na região do Escudo das Guianas, onde a Reserva está localizada. Entre as espécies novas para a Ciência, encontram-se exemplares de sapos, ainda em fase de identificação.
Diferentes regiões da RDS foram visitadas em cada expedição: a primeira, em novembro de 2004, esteve na porção norte da Unidade, a 180 km acima da cidade de Laranjal do Jarí; a segunda, realizada de abril a maio deste ano, explorou o sul da RDS, próximo ao Igarapé do Baliza e a última, de julho a agosto deste ano, voltou ao norte, mas em uma área próxima ao Rio Cupixi.
As regiões foram escolhidas de acordo com os tipos de vegetação constatados por satélites e pelo nível de representatividade de cada ambiente para a Unidade e para o estado do Amapá. Resultados - Ao todo, as expedições à RDS do Iratapuru registraram cerca de 300 espécies de aves, 125 de peixes, 105 de herpetofauna (anfíbios e répteis), mais de 80 de mamíferos (incluindo morcegos) e 20 de crustáceos.
Todas essas informações, somadas a outras como a geomorfologia da reserva (tipos de relevo, vegetação, por exemplo), farão parte do Plano de Manejo da RDS, que irá esta- belecer, entre outros aspectos, as atividades que poderão ser executadas na área protegida.
— A construção do plano de manejo é muito relevante porque irá delimitar, nortear as possibilidades e responsabilidades dos moradores da reserva, dando suporte inclusive para as ações de segurança da Unidade -, comenta Jesse James, chefe da Divisão de Unidades de Conservação do Amapá (SEMA). (Diário do Amapá, 31/08)