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2005-09-01
A barragem de Candonga, implantada no Rio Doce, nos municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado/MG, foi inaugurada na segunda-feira (30/08), com a presença do Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e um forte aparato de segurança. Atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB fizeram uma caminhada de protesto de 12 quilômetros, do trevo de Rio Doce até a estrada que dá acesso ao muro da hidrelétrica, onde foram barrados pelos policiais. Um ônibus de estudantes da Universidade Federal de Viçosa também foi barrado: — Um policial perguntou se tínhamos bandeiras e alguém disse que estava com uma bandeira do MAB, então fomos impedidos de entrar. O policial disse que Aécio não queria ser incomodado-, comentou um dos estudantes.

Os atingidos protestam por causa dos inúmeros problemas que ainda existem no local e os grandes prejuízos que estão tendo com a obra. Oito famílias reassentadas no povoado do Marimbondo estão sem assistência e com área de terra de apenas três hectares, totalmente insuficiente para se restabelecerem. Isso sem mencionar as mais de 100 famílias de garimpeiros que ainda não foram reconhecidos pelas empresas como atingidas.

Em Nova Soberbo, onde moram mais de 120 famílias reassentadas, várias casas já estão interditadas e diversas famílias tendem a ficar em situação ainda mais precária pois as empresas deixaram de repassar cesta básica e ajuda de manutenção. Entre tantos problemas, muitas pessoas reclamam que itens que constavam no levantamento inicial da empresa, estão sendo ignorados, mas o maior problema é a falta de terra e assistência para garantir a sobrevivência da população.

A barragem de Candonga agora foi batizada de Risoleta Neves, avó do governador, e pertence às empresas Novelis (antiga Alcan) e Vale do Rio Doce. Os 140 megawats (MW) gerados serão divididos entre as duas empresas. A energia é suficiente para abastecer uma cidade de mais de 280 mil residências, no entanto, será toda utilizada nas indústrias das concessionárias da barragem. A Novelis é consumidora intensiva de eletricidade nas suas indústrias de alumínio em São Paulo. No ano passado, a empresa consumiu 2,3 milhões de MWh, dos quais 26% vieram de auto-geração.

Os atingidos organizados no MAB denunciam estas empresas e repudiam a presença do governador do estado, dizendo que o mesmo é conivente com a conduta de exclusão destas empresas. — Nós nos organizaremos cada vez mais para impedir que outras pessoas sofram isso tudo que estamos sofrendo. Estas empresas vêm, nos tiram a vida e produzem energia para seu próprio enriquecimento-, diz Bernardo Cruz Souza, coordenador estadual do MAB. No início deste ano as empresas foram denunciadas na ONU por agressão aos direitos humanos. (Com informações do MAB)

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