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2005-09-01
Desafiando as soluções mais tradicionais para combater a pobreza, o World Resources Institute (WRI) lançou ontem (31/8) um relatório onde apresenta a gestão sustentável dos recursos naturais locais como a riqueza de 1,1 mil milhões de pessoas que vivem em pobreza extrema. O relatório Recursos Mundiais 2005: A riqueza dos pobres - Gerindo Ecossistemas para Combater a Pobreza realça a necessidade de olhar para além dos projetos de ajuda internacional, perdão da dívida externa e a reforma de comércio internacional e dirigir a atenção para os recursos naturais locais – solos, florestas, água e pesca - como solução da crise da pobreza em todas as partes do planeta.

Jonathan Lash, presidente do WRI, lamentou que as posições tradicionais sobre como aliviar a pobreza tratem o ambiente como algo secundário e lembrou que três quartos dos pobres do planeta dependem do ambiente para sobreviver. –Os recursos naturais são absolutamente essenciais, em vez de acidentais, se pretendermos manter as esperanças de alcançar os nossos objetivos de redução da pobreza, acrescentou.

O relatório critica o fato de as organizações ambientalistas não lidarem com questões de pobreza e dos grupos de desenvolvimento não considerarem o ambiente. Entre os casos apresentados no relatório está o do Governo da Tanzânia, que delegou a recuperação de milhares de hectares de floresta e áreas de pasto à população Sukuma, o que, segundo o WRI, levou a um crescimento nos rendimentos, melhoria na alimentação da população local e um aumento da biodiversidade. –Existem exemplos encorajadores sobre a gestão de ecossistemas com uma visão de longo prazo que levaram à prosperidade de comunidades desfavorecidas. No entanto, o caminho ainda é longo, disse Klaus Toepfer, director executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). –Chegou o momento de reverter o caminho da doença, recursos naturais depauperados, instabilidade política, desigualdade e corrosão social de gerações que não têm forma de sair da pobreza, acrescentou.

–Precisamos deixar de considerar o ambiente como um elemento passivo e passar a encará-lo como um elemento fundamental do processo de tomada de decisão para a comunidade local, defendeu Ian Johnson, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial. –Infelizmente, muitas vezes o sector da sociedade mais desfavorecido não tem poder legal sobre os ecossistemas à sua volta e é excluído dos processos de tomada de decisão sobre a gestão desses ecosistemas. Se não se resolverem estas falhas através de mudanças no processo de governança, existem poucas possibilidades de usar o potencial econômico dos ecossistemas para reduzir a pobreza rural, assinalou.

Atualmente, cerca de três mil milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria em zonas rurais, vive com menos de dois dólares por dia. Na cimeira das Nações Unidas, em setembro, chefes de estado irão rever o progresso feito para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Esta é a décima primeira edição de uma série de relatórios bianuais sobre meio ambiente e governança global publicados desde 1984. Este relatório aborda assuntos de pobreza e baseia-se em conclusões dos dois relatórios anteriores -- o primeiro foi sobre ecossistemas e o segundo sobre governaça. Desde 1996, as séries têm sido publicadas juntamente com o Banco Mundial, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o PNUMA e o WRI. (Ecosfera, 31/8)

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