Passagem do Katrina pelos EUA mata ao menos 65
2005-08-31
Com ventos de 240 quilômetros por hora, o furacão Katrina devastou os Estados de Louisiana e Mississippi, no sul dos Estados Unidos, causando pelo menos 65 mortes, deixando milhares de pessoas ilhadas e provocando bilhões de dólares em prejuízos, antes de perder força e se transformar em tempestade tropical.
O governador do Mississippi, Haley Barbour, disse ter recebido informações de que poderia haver cerca de 80 mortos no Estado. –É terrível dizer isso, mas parece que foi um desastre muito grave em termos de vidas, acrescentou Barbour em declarações dadas na manhã de ontem (30/8) ao programa Today, da rede NBC de televisão, quando confirmou que a devastação nessa zona é enorme.
Os ânimos nessa zona estão destruídos. O prefeito de Biloxi, H. J. Holloway, assegurou que este foi nosso tsunami, em relação ao catastrófico maremoto que em dezembro deixou no oceano Índico um saldo de mais de 226 mil pessoas mortas.
–Sabemos que há mais mortos, disse à EFE a porta-voz da Cruz Vermelha americana no condado de Biloxi, María Yabrudi, em um telefonema. –Pessoas estavam na estrada. Caíram árvores em cima delas. Também houve acidentes de tráfego, afirmou.
Esta possibilidade de o total de vítimas mortais ser muito maior do que o que se tem até agora é, em parte, fruto do fato de que, segundo disse à EFE Yabrudi, pouco a pouco foram sendo descobertas muitas famílias que não evacuaram a cidade.
–Descobrimos histórias de horror de pessoas que lutam para sobreviver, acrescentou a porta-voz, que assegurou que nestes momentos se luta para chegar a elas o mais rápido possível com alimentos e água potável.
–Tiramos literalmente centenas de pessoas das águas, disse Kathleen Blanco, governadora da Louisiana, cerca de 12 horas após a passagem do furacão por Nova Orleans, cidade de 1,4 milhão de habitantes. –Temos botes percorrendo várias áreas. Há centenas e centenas de casas inundadas no leste de Nova Orleans. Estamos em uma situação de extensa busca e resgate. Acredito que ainda vamos resgatar centenas de pessoas, disse a governadora.
Katrina também provocou hoje o fechamento de vários aeroportos no sul dos Estados Unidos, incluindo os internacionais de Nova Orleans, Mobile (Alabama) e Pensacola (Flórida). Outros cinco aeroportos regionais do sul do país suspenderam suas operações por causa da violência dos ventos e das chuvas torrenciais, de acordo com a Administração Federal da Aviação.
A chegada do Katrina à Louisiana obrigou as companhias petrolíferas a fecharem um grande número de instalações no Golfo do México, uma região que em épocas normais garante aproximadamente um quarto da produção de óleo diesel e gasolina dos Estados Unidos. O estado da Louisiana é o quinto produtor dos EUA e oitavo em reservas. Neste estado estão dois dos quatro depósitos americanos de reservas estratégicas de petróleo.
Robert Hartwig, economista-chefe do Instituto de Informação em Seguros, disse que existe a possibilidade do Katrina superar os gastos de quase 21 bilhões de dólares com o furacão Andrew, em agosto de 1992, segundo cálculos em moeda corrente.
–Há estimativas que avaliam os danos do Katrina entre 12 bilhões a 25 bilhões de dólares, disse Hartwig à AFP.–O que estamos vendo é certamente uma das duas ou três tempestades mais caras da história, acrescentou.
A recuperação do devastador furacão Katrina será uma tarefa árdua e demorará muito tempo para que as pessoas possam voltar a seus lares, afirmou nesta terça-feira o diretor da Agência Federal de Emergências, Michael Brown.
–Este vai ser um processo muito longo e difícil. A volta das pessoas a seus bairros vai levar muito tempo. A paciência é prioridade, afirmou Brown à NBC explicando que ainda há zonas muito perigosas.–A água inundou totalmente algumas dessas áreas, aonde não se tem como chegar, acrescentou.
Em Nova Orleans a fúria do Katrina deixou bairros inteiros sob a água e as autoridades de Louisiana pediram às pessoas que não voltem para suas casas porque não há condições básicas, como energia ou comida, e há muitas árvores caídas. (FSP/UOL Notícias, 30/8)